9 de abril de 2013

Não se fazem mais passado como antigamente #9 – Galileo, Galileo, Figaro, magnífico





A Night at the Opera_Queen
Gravadora: EMI
Lançamento: Novembro de 1975
Nota: 10/10

           




            Essa é uma coluna musical, nada a ver com Marco Feliciano. Mas vamos falar do maior viado que a música já viu.  Pois Freddie Mercury, indiscutivelmente, será sempre a cabeça das listas dos maiores vocalistas de todos os tempos (não, não é o Robert Plant, ok?) e sua banda, cheia de homens mas com o nome de Queen, será sempre relembrada como uma das mais geniais em todas as décadas. Um dos motivos é esse álbum, a pérola da banda.
           O que se lembra quando se fala Queen? Se você lembrou daquela animação de RadioGaga e aquela coisa contagiante de WeWill Rock You, melhor se acostumar com outra vista. O grupo dos três primeiros álbuns era um protótipo de heavy metal, com solos portentosos, vocais gritados (como essa, Stone Cold Crazy,que deu origem ao Trash Metal) e um Freddie um pouco mais hétero, de cabelos longos e sem o bigode (mas a voz, continua a mesma). Apesar do belo show e dos excelentes discos – a saber, Queen I e II, além do Sheer Heart Attack – a banda estava na pindaíba. Quanto mais show, menos grana. Aí eles começaram a suspeitar do empresário.


Hmmmmmmmm.
            Essa suspeita se confirmou em realidade, os caras o enxotaram da banda e criaram uma canção nada amigável para ele, que é Death on Two Legs, que abre o álbum. Apesar do epíteto “Dedicated to (...)”, não é difícil saber para quem eles cantavam os versos “But now you can kiss / my ass, goodbye
            O álbum tem uma produção que não dá para chamar menos do que “impecável”. Dirigidos por Roy Thomas Baker, a banda sai do unverso heavy e assume uma faceta única, que a tornou famosa: rock de letras melódicas, uso de coro, harmonias caprichadas ao extremo e A voz (sim, no maiúsculo mesmo) de Freddie.
            A parte operística pode ser sentida em músicas como Seaside Rendezvous, Lazing on a Sunday Afternoon e The Prophet Song. A banda sempre foi bastante democrática e, como todos ajudavam a compor, não é surpresa ver Brian May, o guitarrista-astrofísico do cabelão, cantando ’39, ou então o bateirista Roger Taylor dar o ar da graça em I’m in love with my car. John Deacon...bem, o baixista não canta, mas compôs o que, mesmo sendo para a sua esposa, é a música mais gay em todos os tempos.
No final estão as duas músicas que mais fazem o disco ser lembrado. O violão de 12 cordas e o piano são quase suficientes para tornar Love of My Life o clássico que causou o maior frissom da história dos shows (afinal, nem final de Libertadores fez oMorumbi tremer desse jeito). E a outra canção em questão é uma tal de BohemianRhapsody.
Apenas a canção mais cara da história, BoRhap nasceu de um devaneio do vocalista. Ele decidiu colocar todas as desilusões do pobre menininho da banda nos mais elementos possíveis para 6:07 de música, como ópera, solo de guitarra, balada, hard rock. Demonstrando humildade e nenhuma extravagância, cada um dos instrumentos foi gravado em um estúdio diferente em Londres. A introdução  não é nada mais do que a voz dos membros gravada 45 vezes – 180 no total! A fita, que era preta, ficou branca de tanto gasta, e a edição teve de ser feita na  fita adesiva mesmo.
            Aí a gravadora não quis lançar a música: muito longa para as rádios, they say it. Mas Freddie bateu o pé e a gravadora consentiu. O que se teve foi o melhor clipe pré-MTV, seis semanas no topo das paradas,  e um novo padrão de produção musical – além, é claro, de garantir os tubos cheios da banda pro resto da vida.
A partir dali, a carreira do grupo deslanchou. Veio o álbum A Day at the Races, que é o inverso do anterior, o excelente News of the World e outros oito álbuns até Innuendo, o último com Freddie nos vocais. Mesmo com altos e baixos, a banda sobreviveu com grandes sons, mas sempre à sombra do álbum da capa branca.
Mercury se foi em 1991, e aí a gente se pergunta: quem vai tomar o lugar? Robert Plant, Jon Anderson, Steven Tyler, todos esses tentaram, mas nunca conseguiram bater a voz-símbolo do rock. Nem eu . É, quando eu grito “Mamma mia, let me go” no chuveiro, e desafino horrivelmente, praguejo ao céus: Freddie, sua bicha do cassete.



Por: G.L. Mendes
De: Carapicuíba - SP
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