23 de abril de 2013

Não se fazem mais passados como antigamente #10 - Rock, mas rock com classe

          Você mesmo já viu algum olhar torto, no ônibus, no metrô ou, quem sabe, em casa, pra aquele solo de guitarra lindo, espetacular, fruto de improvisações e notas e notas e notas em uma escala. Por mais inteligente, melódica e emocionante que seja a canção, sempre – e aqui poderia entrar facilmente a caixa alta -  vão haver aquelas vozes que vão dizer que "é cru, que não tem o poder de um Mozart" e outros impropérios. Isso quando não se satisfazem e dizem que é do capeta mesmo.

Mas não sejamos vingativos. Apenas apresentemos o remédio pra essas pessoas. No caso, um tanto de finesse não faz mal a ninguém. E, se tratando de rock com classe, o homem  por trás de tudo é Richard Chesse.
Até na mosh ele tem classe.

Tá. Você (talvez) nunca ouviu falar de Richard Cheese. Mas sempre tem a primeira vez.
Richard é um dos maiores expoentes da lounge music – uma perna do jazz, mais calma, mais levada e com ritmos que mais se assemelham às hoje finadas musiquinhas de elevador. Porém grande parte das suas composições não são próprias, mas sim releituras de grandes clássicos do rock. E o resultado, pra quem ouve, é um misto de risadas e uma boca aberta de surpresa. É primoroso.
Primeiro exemplo: pegue a Rage Against The Machine. Pegue Guerrilla Radio.  Aquela coisa de funk metal pesada, o Zack de La Rocha correndo no palco e o Tom Morello com aquela parafernalha toda.  Com Cheese, a nova Guerrilla Radio parece perder todo o ar pesado e passa a parecer que está sendo tocado em algum saguão de cassino. Se você não prestar atenção, até parece que não se canta o refrão. Uma música nova, de ambiente agradabilíssimo, que integra o primeiro álbum, Lounge Against The Machine- que ainda conta com pérolas como Holiday in Cambodia dos Dead Kennedys e Bullet in the Blue Sky, de uma das fases mais pesadas do U2.
         Segundo exemplo: o nu metal de Chop Suey, cujas frases...bem...quase ninguém consegue falar. Cheese  pega aqueles rapidez toda do System of a Down e transforma em uma letra compassada, mais lenta e não menos cômica. Do segundo álbum, Tuxicity – um trocadilho do álbum da SOAD, Toxicity, e do terno smoking, o tuxedo- ainda surgem versões de Weezer, Beck, Britney Spears... a lista vai longe
         Com 48 anos, Richard – esse é apenas o nome artístico de Mark Davis – ainda lança álbuns, com versões simplesmente espetaculares para grandes ícones sonoros. Para 2013 é aguardado o ao vivo, Live at the North Pole - mesmo que seus shows se resumam a obscuras casas de jaz e recepções a noivos. Os álbuns, com nomes a parte,tais como sua obra-prima OK Bartender, ou o mais roqueiro Aperitif for Destruction,  têm coisas que eu levei tempo pra acreditar que existem. Os exemplos de Welcome to the Jungle, Beat it, Like a G6, Another Brick in The Wall, Enter Sandman,  Bohemian Rhapsody. E aqui, uma menção honrosa àquela que me fez rir sozinho por quatro dias inteiros: Stairway to Heaven – SIM ELE FEZ ISSO.


O greatest hits da criança.

          Então, quando você achar útil, baixe umas músicas dele, coloque no seu fone mais próximo e entregue àquele que te enche o saco, que manda você ouvir Caetano e Chico. Dê também uma dose de whisky 12 anos, com um cubinho de gelo, para que ele rode as pedrinhas, com o dedo, enquanto, sem saber, aproveita o melhor do rock mundial. Vingue-se, mas se vingue com classe.




Por: Guilherme Mendes
De: Carapicuíba - SP
Email: guilherme@revistafriday.com.br

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