Como parte do meu programa eu trabalhei seis meses em um restaurante mexicano. Eu já tinha tido experiência de trabalho quando no natal do ano anterior eu enviei meu currículo com a minha personalidade e qualidades (currículo de quem nunca trabalhou) às lojas de roupa dos shoppings em São Paulo em busca de um trabalho temporário para o natal, e assim juntar uma graninha. Fora isso, só quando minha mãe me levava ao trabalho dela e me pedia para organizar umas planilhas, mas o que eu mais fazia era usar o Facebook.
Mesmo sabendo que teria que trabalhar uma hora ou outra eu estava tensa,
gostava muito de estudar lá e fiquei meio triste de saber que iria terminar o
curso em pouco tempo. Mas é certo que o que você aprende nas ruas é diferente
do que você aprende na escola. Chegado o momento, a minha primeira preocupação
era montar um currículo decente. Fiz algumas pesquisas na internet e escrevi o
meu baseado em alguns modelos disponíveis na net. A entrega foi a parte mais difícil, alguns
lojistas já faziam perguntas ali mesmo e eu ficava meio sem graça. Entrei em
tudo quanto é loja, cafeteria, restaurante e até loja de cama, mesa e banho.
Mandei e-mails em um site de busca de empregos para babá e até faxineira. Foi
quando eu vi esse restaurante mexicano. A gerente que me atendeu era muito gente boa e fiquei esperançosa. No
mesmo dia ela me mandou um e-mail perguntando se eu poderia ir lá para um
treinamento e eu aceitei. Nesse dia aprendi a enrolar burritos. Os primeiros cem
saíram que parecia um coco enrolado cuspindo guacamole pelas extremidades, mas
com o tempo até que peguei o jeito. Trabalhar em um país que não o seu é uma
experiência maravilhosa, uma conquista
diária. Conseguir entender as pessoas e se relacionar com elas e aprender
palavras novas a cada dia que passa me mantinham num estado de felicidade
constante. Tiveram momentos difíceis como limpar banheiro entupido, espantar ratos, lavar louças imensas e
cortar 50 cebolas por dia, mas eu não me queixava. Por sinal eu adorava ter
tido essa oportunidade.
Quando estava no Canadá, mesmo no começo, eu sentia que precisava aproveitar muito e dar valor a cada momento, cada segundo. Em cada lugar que eu estivesse, o que eu fizesse, eu me sentia com muita sorte e sempre muito feliz. Às vezes eu dormia e acordava feliz por ainda estar lá, é claro que a “homesick” batia, e sentir falta de casa, da família, do namorado, comida e minha casa era natural. Mas eu sabia que aquela viagem seria temporária, então eu focava na parte boa.
No país de origem sinto que as coisas já são meio previsíveis, em feriados e datas festivas você já espera pelo o que está acostumado. Estar fora muda totalmente essa visão. Passar feriados diferentes, aniversário, Páscoa, Halloween, Dia de Ação de Graças, Natal, Ano Novo, tudo fora de casa, foi bem interessante. Cada momento desse eu sentia mais a cultura canadense e a forma como essas datas eram celebradas lá aumentavam essa sensação. O Halloween foi o melhor de todos! Aqui no Brasil, apesar de importar muito essa cultura norte americana, não tem todo esse costume como tanto os norte-americanos quanto os canadenses tem de realmente celebrar a data. As pessoas saiam às ruas com as fantasias mais loucas possíveis, e não era só criança, gente de todas as idades competindo em criatividade. Aconteciam várias festas também, mas como eu trabalhava no dia acabei só indo em um barzinho com uma fantasia que comprei de última hora, e mesmo assim foi sensacional. Natal foi interessante também, passei em casa jogando jogos com os outros estudantes. No Ano Novo estava um frio absurdo, mas mesmo assim ainda via meninas de saia, que abusadas! Acabei passando na casa de uns amigos, algumas pessoas entraram no mar com o chamado “ Nado do urso polar”, mas eu passei essa parte por motivos de não tenho tanta coragem assim.
Quando a data de ir embora começou a se aproximar bateu um desespero, estava com muito medo, mas agora era de voltar para casa depois de tanto tempo longe, maldita bipolaridade! Semanas antes de ir embora peguei o ônibus e visitei lugares que eu gostava de ir para olhar mais uma vez, mas sabendo que não voltaria tão cedo. Todas aqueles momentos estariam ligados à mim e guardados de forma que ninguém nunca entenderá, mas que eu sei que me modificou em diversos âmbitos. De praxe tivemos mas uma “farewell party”, festa de despedida. Depois de ter ido em tantas outras para falar tchau à bons amigos, agora era a minha vez. Isso era uma das coisas que me deixava mais triste, conheci pessoas incríveis lá, amizades sinceras que renderam muitas risadas e momentos terapêuticos também, e todos lá sabiam as dificuldades de ver amigos que moram em continentes diferentes. Quem sabe um dia eu volte a vê-los. As recordações são de cartinhas, tickets dos eventos e muitas fotos que ativam a memória para aqueles momentos nostálgicos. Me pergunto se tudo foi real, e mesmo que tenha sido um sonho, a realidade tem que ser enfrentada cedo ou tarde.
Morar fora é um mix de sensações, é viver e parar para olhar em volta, ter calma e apreciar a vida com mais tranquilidade, porque afinal tudo é novo. É involuntário mas você acaba curtindo mais e sendo mais feliz pelo valor que se dá a esses momentos julgados como únicos. Desde que voltei prático essa atitude, de olhar ao redor, de apreciar as coisas, mesmo que já as conheça, e de ser grata. Não preciso nem dizer que recomendo à todos conhecer Vancouver que me acolheu tão bem, mas não só lá como qualquer lugar do mundo. Viajar engrandece a alma. Devo muito aos meus pais que me ajudaram para caramba financeiramente, minha família em geral, e é claro ao Ivan que me ajudou e sempre me ajuda aonde quer que eu esteja com muita paciência e amor.
Agradeço pelo espaço para contar um tico da minha experiência morando no Canadá e quero mandar um beijo para minha mãe a para a Xuxa.
Valeu gente!! J
Por: Camila Trama
De: São Paulo - SP
Email: camila.trama@hotmail.com
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Olhar ao redor
e ver cenários absurdos. Uma cidade que integra o verde das montanhas, o mar,
os prédios altos, as casinhas padronizadas,
as ruas impecavelmente limpas, pessoas educadas, um transporte que
funciona. Aos poucos fui percebendo e conhecendo mais intimamente o que aquele
lugar podia me oferecer. No inicio era esquisito voltar para casa de noite e
fazer uma caminhada de 10 minutos em uma rua vazia e relativamente escura. Eu
temia ser assaltada, sequestrada. Em se tratando de transporte, me lembro de
ter por uma ou duas vezes empurrado algumas pessoas para tentar sair do ônibus
ou trem e depois ver olhares de reprovação e foi quando percebi que todos esperavam
educadamente, tanto para sair quanto para entrar.
Percebi que
cheguei lá com atitudes dignas de uma
paulista e que os arredores realmente mudam muito sua atitude. Outros
estudantes diziam o mesmo, alguns tinham uma cultura mais semelhantes com a de lá, outros
estavam vivendo uma novidade sem igual. Independente disso, todos se ajustaram
as regras do "por favor" e "obrigado" em qualquer situação. Realmente os canadenses podem ser conhecidos por suas formalidades e por serem extremamente educados. É claro
que generalizações são falhas, mas minha percepção ao voltar para o Brasil foi
o inverso. Me via falando bom dia para o motorista da ônibus, para o
mendigo e distribuindo obrigados, mas logo percebi que era inútil e não surtia
muito efeito. Sinto falta do som das pessoas falando “ thank you” ao motorista
de ônibus ao mesmo tempo em que desciam do ônibus em seu ponto.
Eu sempre
gostei muito de São Paulo. Sempre achei uma cidade que está sempre pronta para
te oferecer o que você precisar (e isso é verdade), mas algumas coisas ainda
acabam por deteriorar o que a cidade tem de bom. O trânsito intenso, a
insegurança, a violência, o transporte público sempre lotado, a desigualdade
social gritante. E isso tudo ficou mais perceptível ao morar fora e ver as
coisas funcionando de um jeito mais leve.
Vamos ao
Raio – X dessas duas cidades que fazem parte do meu <3
CLIMA
Apesar do Canadá
ser conhecido por suas temperaturas baixas e neve, alces, ursos, e castores,
Vancouver é o município com as temperaturas mais amenas, tanto no inverno
quanto no verão. As temperaturas variam
de um mínimo de -1 grau até -3 graus no ápice do inverno até 23 graus, 24 no
ápice do verão. Enquanto outras regiões do país o verão chega à 30 graus no
verão e – 2983921738978278137 no inverno, risos. Outra característica já rendeu até uma
piadinha interna dos “vancouverianos” que é chamar a cidade de “raincouver”, já que chove bastante lá. Então, se você está planejando sua viagem não esquece
o guarda-chuva (lá tem lojas com guarda-chuvas estilizados) e sua bota de
borracha.
Outono friiiiio em um parque no centro. Foto: Camila
São Paulo é
maluco quanto ao tempo, nunca saberemos afinal.
Tem dias que saímos de roupa de frio e no meio do dia estamos de biquíni
tomando sol na laje. Com um clima
subtropical, temos temperaturas que variam entre 14 graus até 30. Em parte, o
calor também é consequência da poluição e da enorme quantidade de prédios. Em
questão de chuva, aqui chove também razoavelmente.
POPULAÇÃO
Neblina louca foto: Camila
Vancouver tem uma população de 603.502 habitantes, o que lhe rende
a oitava posição entre as cidades canadenses. Vancouver é também a mais
densamente povoada.
São Paulo tem a quarta posição de maior aglomeração
urbana do mundo e a mais populosa do planeta com 11.821.876 habitantes.
IMIGRAÇÃO
Vancouver é uma cidade completamente multicultural.
Fazendo uma caminhada de um bloco pelo centro na Robson Street é possível
escutar de quatro a cinco línguas diferentes sendo faladas. Há um alto
contingente de estudantes intercambistas. Lá é possível encontrar gente de
todos os lugares, literalmente! Eu tenho amigos do Japão, México, Lituânia,
Coreia, China, Espanha, Venezuela, Inglaterra, Arábia Saudita e Vietnã, graças a
viagem. Além disso, 17% dos habitantes
de Vancouver possuem ascendência chinesa. Há muitos imigrantes das Filipinas,
Camboja, Indonésia, Índia, Japoneses e Coreanos.
São Paulo também é uma cidade extremamente
multicultural e percebemos isso nos sabores da nossa culinária e na nossa
misturinha. Já ouvi dizer que o passaporte brasileiro é o mais cobiçado entre
os falsificadores ideológicos porque brasileiro tem mistura do mundo todo. Aqui
temos imigrantes italianos, espanhóis, portugueses, japoneses, libaneses e
árabes. A imigração de italianos principalmente nos rendeu o ranking de segunda
maior cidade consumidora de pizza do mundo. São Paulo também é a décima quarta
cidade mais globalizada.
PRAIAS
Kitsilano Beach: pessoas curtindo o verão! Foto:Camila
English Bay Vancouver, eu e a Chyioko
Vancouver é uma cidade litorânea e rodeada por águas. Para ir à praia eu pegava um ônibus e em 20 minutos eu estava lá. As praias
tinham troncos de madeira bem grossos onde as pessoas sentavam em cima. A areia
era diferente, com flocos mais grossos que não grudavam na roupa, só dar uma
chacoalhada e tudo saia. A praia que eu mais ia chama-se Kitsilano Beach. M A R
A V I L H O S A. A praia era equipada com banheiros, redes para jogar vôlei,
bolas, salva-vidas, atrás tinha um parque com grama e parquinho para as
crianças, praça de alimentação e tinha também um “club” bem perto com piscina e
escorregador que poderia ser usufruído desembolsando 20 dólares canadenses. A água do mar é extremamente fria o ano
inteiro.
Os paulistas precisam descer a serra para chegar às
praias. As mais visitadas, ou mais
próximas, são Santos, Guarujá, Ubatuba, Praia Grande, Bertioga. O que não vemos
lá em cima nos nossos amiguinhos do norte, pelo menos não que eu vi, são os
vendedores ambulantes nas praias, com milho, água de coco, queijo coalho OLHA O
QUEIJINHO, OLHA O QUEIJINHO! Sinceramente, apesar de poluir um pouco a praia,
eu adoro um queijo coalho. A areia é um
pouco mais barrenta e mais fina também.
A água fica suportável no calorzão do verão.
Eu chegando no Guarujá para desbaratinar. Foto: Camila
BEBIDAS E DROGAS
Em Vancouver era extremamente proibido beber na rua.
Eu acredito que as pessoas escondiam as bebidas nas garrafinhas de café do
Starbucks e Tim Hortons (Tim Hortons é uma cafeteria nacional ícone no Canadá)
porque ninguém é santo (eu juro que não fiz isso!). Apesar disso, o uso de
maconha, banza, verdinho, entre outros, era feito sem muitos problemas. Achei
estranho andar na rua e ver pessoas fumando como se nada estivesse acontecendo.
Downtwon Vancouver Foto: Camila
São Paulo é bebedeira garantida. Cenas como crianças de
15 anos comprando seus “kits” pré-carnaval
e curtindo na rua é comum, apesar de esquisito. Já com relação a maconha a história é
diferente. Você não vai achar cafés onde pessoas fumam livremente.
UNIVERSIDADE
Vancouver é sede de uma das melhores universidades
canadenses. A Universidade da Colúmbia Britânica – UBC – University of British
Columbia. Eu visitei lá e a universidade
era realmente gigantesca. Eu fui no período de férias escolares, então não havia
alunos nos ambientes residenciais. Entretanto, perto da universidade em uma
caminho muito escondido, havia uma praia de nudismo que estava lotada.
São Paulo também é sede da universidade mais
importante do país a Universidade de São
Paulo – USP que também é bem grande. Infelizmente o Brasil caiu da lista com as
duzentas melhores universidades do mundo.
SHAME ON US! =/
RUAS E TRANSPORTE
Em Vancouver eu utilizava o passe mensal que custava
cerca de 81 dólares canadenses. Quando eu estava prestes a ir embora o valor
subiu para 90, escapei por pouco, hehe.
Esse passe me dava liberdade para usar qualquer transporte, fosse ele
ônibus ou trem. Entretanto, você precisava comprar a zona certa, já que as zonas
limitavam o seu poder de locomoção. Quanto maior a zona mais cara a passagem e
mais longe você poderia ir. Existia
passe de estudante mas precisava ser residente permanente para poder adquirir.
Caso a pessoa não quisesse comprar o passe mensal poderia comprar o bloco de
tickets que saia uns 21 dólares e continha mais ou menos 10 tickets, ou comprar
nas máquinas dentro da estação e pagar 2,50 dólares em cada um, que tinham uma
validade de duas horas. Haviam máquinas para validar os tickets tanto no metro
como no ônibus. Não existia um controle de catraca, você poderia passar e
utilizar o metro sem pagar nada, mas periodicamente policiais entravam nas
cabines ou ficavam parados enfrente as composições pedindo para que os usuários
mostrassem. Caso não tivesse comprado ou estivessem com o passe mensal vencido
pagariam multa. Os vagões eram confortáveis e dificilmente ficavam
superlotados. Os ônibus também não tinham cobrador, você deveria mostrar seu
passe ao motorista ou comprar em uma maquininha que ficava ao lado dele, mas só
aceitava moedas e não emitia troco. Nos ônibus tinham o sistema que informava em
cada parada que rua você se encontrava, tanto em áudio quanto na tela também, igual ao Metrô. As pessoas falavam bom dia para o motorista e ao sair do ônibus diziam
obrigado. As ruas de Vancouver cortam a região em sentido Norte–Sul ,
Leste–Oeste. Então não se engane se você precisar fazer alguma coisa e achar
que é perto por estar na rua, porque pode estar do outro lado da cidade.
Isso é de longe o que mais me irrita em São Paulo. O sistema de transporte, apesar de ter uma malha metroviária grande, não comporta
a demanda. Os ônibus e os compartimentos de trem são realmente bagunçados e superlotados, vemos pessoas se pendurando nas hastes para se segurar, se empurrando, se
espremendo. O trabalho do cobrador também é algo que poderia ser substituído por
um sistema eletrônico. O preço da passagem não condiz com a qualidade.
OUTRAS CURIOSIDADES
Vancouver
Depois de Los Angeles e Nova York, Vancouver é o terceiro
maior centro de produção cinematográfica da América do Norte. Isto porque as paisagens da cidade são muito
propícias e como já foi falado tem tudo em um lugar só: praia, montanha, prédios
que inclusive lembram cidades também dos EUA;
Já faz uma década que Vancouver foi eleita a
cidade mais habitável do mundo;
Vancouver sediou os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Inverno em 2010 na região de Whistler.
Vancouver é cidade-irmã do Rio de Janeiro
desde de 2010. Isso significa uma relação de benefícios culturais, sociais e
econômicos entre os dois municípios.
São Paulo:
Principal centro financeiro e comercial do Brasil;
Possui os edifícios mais altos do país;
Décimo maior PIB do mundo;
Apesar do IDH alto, a riqueza não é distribuída
de forma igual.
São Paulo é uma cidade que tem muito dinheiro,
mas a população acaba sendo prejudicada pela má gestão.
Por: Camila Trama
De: São Paulo - SP
Email: camila.trama@hotmail.com
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Intercâmbios são sempre enriquecedores. Em questão de cultura, é
aprender pela vivência. Além disso, como pessoa também é um crescimento de
dentro para fora, na alma. Conhecer gente de lugares diferentes, estar em
contato com uma língua e costumes que diferem totalmente da sua realidade é, inicialmente, um choque,
mas absurdamente prazeroso. Pessoas quando procuram viajar para estudar fora
atrás dessas experiências estão preocupadas com algumas questões básicas: a priori o local que ficarão, como já havia dito no post anterior, é muito importante! Mas
o que é decisivo para que o intercâmbista se interesse pelo local e se
identifique com ele é, além do clima, estilo da cidade, e se tem gente bonita porque você não aguenta mais ver gente feia nesse
Brasilzão de meu Deus, são as atividades, passeios e viagens que você pode
desfrutar durante sua estadia.
Em Vancouver, especificamente,
tinha atividade até não poder mais. Decidi fazer desse post um relato
das minhas experiências extracurriculares, hehehe. Bom, na escola que estudei essas
atividades eram oferecidas, tinha data certinha para ir com a tchurminha de lá
e era pago para a administração de lá mesmo. O legal é que como muita gente ia
a escola conseguia uns descontinhos interessantes. Eu acabei não participando
de todas as atividades porque o preço ficava um tanto quanto salgado. As
atividades mudam dependendo da estação, os brasileiros que vão para Vancouver
querendo ver neve, acabam se decepcionando. Em um ano que fiquei lá só caiu
neve uma vez... tudo bem que foi bastante, mas não é um lugar que neva muito,
por isso é interessante fazer as atividades mais caras no verão. Nas montanhas
têm neve e a paisagem é muito mais bonita nessa época, fica a dica!
Grouse Mountain
A primeira coisa que fiz de diferente logo nos primeiros meses foi ir
para a montanha ver neve. Brasileiro tem uma coisa com neve, era nítido quem era brasileiro ou não lá pela
cara de bobo olhando para aquele amontoado branquinho e por vezes
experimentando dar uns lambiscos no gelo para ver se era real ok eu fiz isso.
Grouse Mountain, “The peak of Vancouver”, é a montanha onde a galera ia para
esquiar. Era possível até comprar um ticket anual para poder esquiar o ano
todo, mucho loco! A montanha fica no lado norte de Vancouver e para ir para lá
é preciso pegar um Seabus. SENSACIONAL!
É tipo uma balsa, só que um milhão de vezes melhor. Você ia na estação
de metrô mesmo e tinha uma via para pegar o Seabus. Os preços das passagens
dependiam da zona, pois quanto mais longe do centro mais caro.
Zone
Adult Price
Concession Price
1 Zone
$2.75
$1.75
2 Zone
$4
$2.75
3 Zone
$5.50
$3.75
Essa “balsa do futuro” saia a cada 15 minutos de manhã e a cada 30
minutos de noite. Chegando do outro lado de Vancouver tinha um terminal, e de lá
pegamos um ônibus que levava até a montanha. Eu cometi o erro de não esquiar achando que
voltaria lá em outra situação, afinal ficaria um ano, mas acabei não voltando
#chateada. Mas valeu a pena pela guerra
épica de bolas de neve.
Hiking/ Trilha
Medo de esbarrar com um bixinho desses Foto: Camila
Hiking (fazer trilha) é uma outra atividade que os canadenses apreciam
muito, principalmente acompanhado de acampamento, ursos e marshmallows para
assar. Existem muitos lugares que dá para fazer trilha. Vancouver é lindo
porque é um lugar que tem tudo, montanhas, praias, muita área verde e uma
cidade incrível. Mesmo com a escola
levando os alunos para esses lugares, eu recebi uma proposta muito interessante
de uns amigos que iriam pegar a estrada para ir nessa montanha. Para ser
sincera até hoje não sei o nome do lugar, eram umas duas horas da cidade de
carro. Após receber a ligação me convidando, perguntei questões básicas como o
que eu devo levar e fui me preparar para
esse momento inédito na minha vida. Pensem em uma pessoa que apesar de achar
interessante esportes e atividades físicas faz um bom tempo que não pratica
nada. Desde que tinha chego em Vancouver tudo o que fiz foi encher o bucho de
pizza de 1 dólar o pedaço e agora era a hora de colocar o corpinho para
funcionar. Água e alguns petisquinhos para segurar a barra. Alô? Mas então
quantas horas dura essa caminhada? Quatro! Ah Quatro, tranquilo!! Duas horas
para subir e duas para descer, dá para fazer numa boa. Camila, quatro horas só
de subida. Não preciso dizer que quase
morri, e que não sinto minhas pernas até hoje, mas valeu a pena. O que mais me recordo era o começo todo
animado e depois andando infinitamente naquela subida eterna, e ver mães
fazendo caminhada com os filhos nas costas e com um monte de equipamento para
acampar e eu me perguntando por quê eu tinha começado aquilo, depois de muito
tempo subindo e subindo, morrendo de medo de ver um urso, me dar conta que não
era nem metade do caminho a ser percorrido. Mas ao chegar lá em cima, vi o lago
mais azul da minha vida, a paisagem era coisa de outro mundo. As montanhas ao fundo aqueles pinheiros e um
monte de esquilo andando nas pedras.
Valeu a pena!
Eu brisando na paisagem, hiking experience Canada
Tentando fazer amizades, nem me deu moral
Lago mais azul que já vi na vida no filter! Foto: Camila
Tem gente louca no mundo inteiro Foto: Camila
Victoria - BC
Butchart Gardens- jardins lindos Victoria- CA Foto:Camila
Victoria é a capital da província Colúmbia Britânica. As pessoas
normalmente faziam esse passeio em dois dias com a escola, mas meus amigos
resolveram ir por conta própria e fazer um bate e volta e a viagem acabou saindo
mais barata por conta disso. Para chegar
lá pegamos o Skytrain, que é o Metrô de lá, depois um ônibus e depois um Ferry boat
gigante. Para chegar lá levou, mais ou menos, umas três horas e meia.
Prédio Parlamentar em Victoria - CA
Victoria tinha um estilo muito mais provinciano percebido pela
arquitetura do prédio parlamentar. Uma das atrações é o Butchart Gardens, um parque com muitas
flores e jardins desenhados, realmente muito bonito.
Atlanta - GA
Beijú apaixonado
Após quase seis meses sem ver meu amado, depois de muita dor de cabeça
conseguimos marcar de se encontrar em Atlanta nos EUA. O Ivan é jogador de
futebol e iria para lá para um campeonato. Seria ótimo ver ele, mas com o
campeonato ele estaria concentrado e a gente não iria poder se ver muito. Foram
quatro semanas sem saber o que iria acontecer, um dia o campeonato estava de
pé, no outro havia sido cancelado, no outro o dia iria mudar. Não sabíamos se enfim iriamos nos ver ou não, a saudade
martelava forte, e alguma coisa nos fazia pensar que se não conseguíssemos nos
ver, não conseguiríamos continuar naquele ritmo. Ele já tinha comprado a passagem, e os pais
dele também, para assistir aos jogos. Uma das sensações mais gostosas que tive
na vida foi quando ele me ligou e disse que o campeonato havia sido cancelado,
mas que ele iria mesmo assim. Comprei minha passagem correndo. Depois de muita ansiedade, vê-lo de novo foi
surreal, praticamente seis meses se passaram e eu só o via no Skype. Naquele
instante era como se eu tivesse quebrado a tela do meu computador, quebrado os
fusos horários, ele estava ali para ser abraçado, beijado, não dava para acreditar. Essa sensação de
surrealismo perdurou aquele dia inteiro. Foram muitos passeios que fizemos,
fomos no museu do Martin Luther King, no aquário, no museu Mundo da Coca-Cola,
no parque de diversão de montanhas-russas
Six – Flags, fomos em uma
balada. Foi sem dúvida a melhor viagem
que já fiz. Nada se compara a estar num lugar legal com a pessoa que se ama.
Hard Rock em Atlanta, matando a saudades Foto: Camila
Seattle - DC
Seattle em Whashington DC fica à mais ou menos três horas de Vancouver
de ônibus. Estudantes vão lá principalmente pelas Outlets, eu fui para conhecer
a cidade. A história da minha ida à
Seattle foi meio trágica, a começar que eu fui sem nenhuma companhia, já que
todos os meus amigos já tinham ido. Isso não me incomodou muito, queria ir de
qualquer jeito. Essa seria minha última viagem antes de voltar para o Brasil.
Eu tenho um problema organizacional sério, e apesar de todos os preparativos
que fiz na noite anterior, deixei um detalhe importante escapar. No dia
seguinte acordei cedinho e ainda estava escuro, peguei a Canadaline (Metrô) e
fui para o centro onde pegaria o ônibus que me levaria para Seattle, toda meiga
e abusada. Chegando lá fui para a Starbucks em frente ao ponto combinado pegar
um latte para aquecer a alma enquanto esperava o ônibus. Chegando em Seattle o
tempo estava meio nublado, mas nada abalaria minha viagem, me dirigi ao museu
que visitaria seguindo o meu itinerariozinho montado no dia anterior. Para a
minha surpresa o meu cartão não passou quando fui comprar o ticket, o atendente
me sugeriu retirasse dinheiro de uma caixa que tinha numa rua ao lado, sim, eu
não tinha dinheiro comigo, só o cartão. Tentativa número um: o seu cartão está bloqueado. Impossível!
Tentativa número dois, três, quatro.. maquinha 10 Camila 0. Voltei ao museu com
cara de derrotada e disse que não estava conseguindo sacar. O moço viu minha
carinha de chateada e deixou eu entrar de graça UHUL. Mas a preocupação ainda batia na portinha do
meu coração. Saindo do Museu ainda tinha um monte de coisas que queria fazer e
precisava de dinheiro, só estava com o latte que tinha tomado antes de ir no
estômago e o ônibus só voltaria dali cinco horas. Tentei em máquinas
diferentes, tentei em um supermercado, tentei em todos os lugares e não, o seu
cartão não vai passar hoje querida. Eu ainda estava sem celular e não conseguia
contatar ninguém da casa que eu estava nem nenhum amigo, nem meu banco. QUEM
PODERÁ ME AJUDAR?? O Ivan ( namorado)
Colorado, é claro! E mais uma vez liguei chorando para ele me socorrer via
Nextel, ai Ivan fofinho. Ele ligou para
o meu banco e explicou a situação e me ligou de novo explicando que eu deveria
ligar no meu banco através de um telefone público porque eles não poderiam
passar informações a mais ninguém. Ligando no banco fui aconselhada a da
próxima vez que deixasse o país avisar para que o cartão não fosse bloqueado
novamente, CABEÇÃO! A moça, após
confirmar que eu era realmente a dona do cartão, me deu vinte minutos para
sacar tudo o que eu precisava antes de
ter o cartão bloqueado novamente. Assim consegui aproveitar o resto do
passeio.
Parade de cheio de chicletes/Seattle Foto: Camila
Apesar de alguns perrengues tudo acabou dando certo! Ah que saudades de
viver no Canadá!
Por: Camila Trama
De: São Paulo - SP
Email: camila.trama@hotmail.com
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Depois de algumas, várias, horas de voo e uma conexão
em Toronto, eu finalmente havia chegado no aeroporto de Vancouver (YVR). Com a mochila nas costas, uma angústia
apertava o meu coração mais do que as várias peças de roupa que eu usava com
medo do frio que iria enfrentar. Eu
estava me sentindo perdida, um peixe fora d’agua, não sabia quais eram os
próximos passos, e, na verdade, estava aflita de ter que enfrentá-los. Segui o fluxo. No avião mesmo eu já tinha conversado com
alguns brasileiros que estavam na mesma situação, e sendo assim, ao desembarcar
fui seguindo as vozes que identificavam a sonoridade, que me acalmava os ânimos,
do bom e velho português.
Logo o primeiro desafio surgiu, onde estão minhas
malas? Em qual dessas esteiras eles
colocaram? Meu deus, como eu falo meu nome é Camila em inglês? F E R R O U! Uma
menina escandalosa estava na mesma situação, mas com mais “ samba – lelê” já
foi gritando: “ Ô MOÇU, AI LOSTI MAI BÉGUI, ME AJUDA?” E para ser sincera, de
alguma forma o atendente conseguiu compreender, não sei que tipo de curso eles
são submetidos para conseguir decifrar tantos sotaques, e embrometions, mas a
danada achou a mala dela, e eu fui no embalo.
Minha irmã de sete anos fala que é dela. Foto: Camila Trama
Minha amiga, que mora lá, foi me buscar no aeroporto.
Senti uma felicidade muito grande quando eu a vi. Estava segura. Ela me entregou um alce de
pelúcia vestindo uma roupinha com a bandeira do Canadá, uma graça. Saindo do
aeroporto um frio cortante me deu as boas vindas. Sim, definitivamente estou no Canadá.
Entramos no carro e eu fui analisando tudo, como se nunca enxergará antes. As
cores não eram as mesmas, os detalhes, o sentimento, principalmente eu. Eu
entendi naquele momento minha frivolidade diante da imensidão de possibilidades
do mundo, e isso não iria mais voltar,
as portas se abriram!
A janelinha ali de cima era o meu quarto! Foto: Camila Trama
Depois de ficar na casa dela, tomar um bom banho, e
comer uma comidinha, fui para a casa na qual eu passaria o resto da experiência. Eu já tinha procurado a foto da casa no
Google Maps, mas por muito azar, na hora que tiraram a foto, um caminhão de,
sei lá o que, estava estacionado bem na frente da casa, cobrindo -a por
completo. TÁ SERTO! A família que me
esperava era das Filipinas, um arquipélago na região asiática, e que moravam no
Canadá já fazia vinte anos. Foram super
calorosos e apesar da vergonha, já conseguia ver aquele lugar como meu novo
lar. O êxtase de ver coisas novas era viciante.
Entrei no meu quarto e minha caminha estava ali, arrumadinha. Que
maravilha!! Conversei com meu namorado antes de dormir, e não conseguir conter
as lágrimas, vê-lo ali, sorrindo para mim, e ao mesmo tempo tão longe, me
cortava o coração. Beijei a tela fria do computador que em nada lembrava a boca
macia dele. De todo modo estava contente, estava lá. Dormi cedo, no dia
seguinte teria meu primeiro dia de aula.
Lugar que fui pouco antes de me perder. Foto: Camila Trama
Acordei com uma animação de outro mundo, nunca tinha
acordado tão feliz para ir à aula como naquele dia. No dia anterior tanto o pai
da minha amiga quanto minha “mãe adotiva” tinham me explicado como ir e voltar
da escola. Eu subestimei minha
capacidade de me perder. Após a aula, que foi um dia bem descontraído para dar
as saudações aos novos alunos e comer uma pizza deliciosa de pepperoni com toda
a galera, fui fazer o percurso de volta para a casa toda linda e charmosa me
achando a rainha do camarote. Eis que, depois de entrar no ônibus, noto que o
caminho estava um pouco diferente do que eu havia feito anteriormente. Mas
continuei lá, sentada e sorridente. Não,
não, não aquele caminho não estava certo.
Apertei o botão e desci do ônibus,
voltei tudo de novo a pé até o ponto da onde eu tinha partido, e o frio
batendo. Dois jovens com roupas no estilo gótico começaram a se encarar na rua,
e de repente voaram um em cima do outro e se socavam alucinadamente. Gente, que
isso? Cadê a segurança de que falaram tanto? Eu congelei, e parecia que estava
dentro de um filme. Uma viatura veio em alta velocidade e logo dois policias
cercaram os jovens. YOU HAVE THE RIGHT TO REMAIN SILENT! Nem sei se eles
falaram isso, mas eu imaginei. Mentira, na verdade, eu ainda tava nas lições do
verb to be! Depois de todo esse bafafá e quase considerando virar uma andarilha
eu resolvi ligar, chorando, para o meu namorado. Glorificado seja o Nextel! Ele
com todo amor do mundo virou meu GPS personalizado, me indicando o caminho ao
som dos meus soluços. O dia estava chuvoso, e com muita neblina. Ao chegar em
casa ainda tive que desenrolar um inglês macarrônico para explicar o por quê de
ter chego tão tarde... Oh Canada.
Flores que agregam no modo "flor "da câmera digital
Só um plus: foram incontáveis as vezes que eu escutei a piadinha da Luiza, que está no Canadá... Não, eu não trombei com ela.
Por: Camila Trama
De: São Paulo - SP
Email: camila.trama@hotmail.com
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Maple leaf. O syrup é uma delícia Foto: Camila Trama
Quando fui convidada a escrever essa coluna, uma sensação de nostalgia tomou conta de mim. Já faz
nove meses desde que eu voltei para a minha terrinha, mas vira e mexe me pego fuxicando
nas fotos tiradas, nos vídeos gravados, cartinhas e ingressos que guardei em uma caixinha junto a outras
lembranças. Viajar para o Canadá foi uma das decisões mais assertivas que já
que fiz. E aqui convido à todos vocês a acompanhar essa aventura de ter
deixado família, namorado, amigos, faculdade e minha cachorrinha fofa atrás
do desconhecido. Um mergulho dentro de um oceano de novas sensações. Gostos
misturados com aquele friozinho na barriga e o privilégio de poder ver as
coisas com olhos de criança – já diria meu amigo Charlie Brown ( ps: o que vai
ser do carnaval da Bahia agora?).
Meu nome é Camila,
tenho 20 anos e estudo jornalismo. Um dos motivos pelo qual eu optei trancar a
faculdade para viver fora foi a importância da língua para a carreira que
escolhi e também pela possibilidade de encontrar um estágio legal, principalmente
com o foco que o Brasil terá com a copa do mundo de 2014 e as Olimpíadas de
2016. Até a data chegar continuarei na
expectativa! Se o inglês tá legal, agora falta entender mais sobre esportes. Tô
trabalhando nisso! (SQN)..
O primeiro passo
foi procurar uma agência de intercâmbio que pudesse me ajudar com toda a parte
burocrática. Combinei com meu namorado (peguete na época. Sim, já já eu
explico) e fomos em uma perto da onde eu moro. Cheguei toda feliz e falei para
a atendente que estava planejando um intercâmbio, e ela toda solicita
perguntou:
– -AH, que legal! E para onde você quer ir?
– Hm... (
silêncio) .. Não sei ainda.
–Pois é, não dá para fazer assim, essa é a primeira
coisa que você tem que saber...
–Não quer trabalhar volta para casa! ( pensei)
Ivan Magalhães, namorado coruja
Grosserias
à parte, a moça estava certa! Lembrei que uma amiga minha desses rolês da vida morava em Vancouver, Canadá, e essa era a oportunidade perfeita para
reencontrá-la e fazer minha viagem sem temer tanto, pelo menos uma alma viva
que eu conhecia estaria lá. E assim
foi. O processo foi longo entre
passaporte, visto, preparativos, pagar taxas e mais taxas. Mesmo longo e
tedioso, os seis meses de preparação passaram, e aos poucos fui me dando conta
que já era tarde demais para qualquer
desistência.
A hora chegou
Com as malas prontas, e
um último gole de guaraná, abracei todos. Minha mãe, minha vó, minha irmãzinha,
minha sogra e por último...
-Amor, eu te amo. Logo, logo eu volto.
E
assim eu passei por aquela portinha. Fiquei o máximo que pude para dar o
último tchau. Com lágrimas nos olhos, eu tinha medo, mas sabia que estava
preparada...
Por: Camila Trama
De: São Paulo - SP
Email: camila.trama@hotmail.com
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