11 de março de 2014

Íntimos e Carecas - Conheça Alessandro Martins


Alessandro e Claudia Regina (foto por Rodolpho Pajuaba)
Se não me falha a memória, conheci o Alessandro em 2011, graças a um encontro de tuiteiros de Curitiba. Na época me impressionou a tranquilidade, o desprendimento e a gentileza daquele cara que eu já gostava e admirava pela escrita inteligente e afiada.

Acabou que, depois disso, o contato ficou meio restrito aos eventos nos quais vi ele palestrar, mas, mesmo não sendo íntimos assim, é fato que a gente acaba se apegando às pessoas com quem convivemos digitalmente, né?

Eu gosto e respeito tanto o Ale, que quando tive curiosidade de conhecer uma Casa de Swing, adivinha para quem fui perguntar? (aliás, esta aventura eu vou explicar no post da próxima quinzena)

Hoje eu resolvi trazer um pouco desta pessoa linda para vocês e um convite descarado para assinar as cartas semanais do Ale. Tenho certeza que você vai ser solidário ao meu deslumbramento por este cara.

E o que raios isto está fazendo na coluna de sexo da Revista Friday?

Confia na Tia Kell e segue a leitura abaixo para entender este papo de ser íntimo do careca (ou mais ou menos isso). ;)




Quem é o Alessandro?
Durante um curso do qual participei, na hora das tradicionais apresentações, tive tempo para pensar sobre essa pergunta. Era um curso do meu amigo Alex Castro. 

E aí eu pensei que tem gente que se define pelo que faz. Não é o ideal, mas já é um começo. Hoje, eu mesmo não sei o que faço exatamente. Eu escrevo. Mas tenho certo pudor em me dizer escritor. Escrevo em blogs, no Facebook, no Twitter, na minha newsletter
Sou uma pessoa que escreve, se expressa através da escrita e busca um público para esses escritos. 

Sou uma espécie de artista, um cara meio exibido, que tem um ego grande mas que tenta mantê-lo bem domado e disciplinado. 
Que graça teria dizer que se tem controle sobre o ego quando ele mais parece um cavalo castrado, um pangaré? 

Enquanto as pessoas se apresentavam e eu prestava atenção ao que elas diziam, ao mesmo tempo, formulei uma resposta que, naquele momento me contentou: sou um cara que procura viver, extrair experiências interessantes da vida, chegar a conclusões sobre essas experiências, brincar com as ideias que isso traz e, assim, ter coisas muito pessoais, vivências, que compartilho com outras pessoas através dos meios que a internet proporciona. 

Se não fosse a internet, seria um outro meio. Nos últimos anos, tenho aprendido a arte do ator e penso que, no caso de um cataclismo, se perdermos a internet, as artes cênicas sejam um bom recurso para mim. 

Resumindo: sou um cara cujo trabalho é buscar experiências interessantes de vida para compartilhar com meus iguais ou com aqueles que gostariam de sê-lo.




Você é um grande defensor dos relacionamentos abertos. Como isto funciona na sua vida?
Atualmente defendo as alternativas de relacionamento afetivo. Nada errado com a monogamia em si. O problema é só se ver essa opção quando existem infinitas possibilidades. 

Hoje, certamente me relaciono com mais de uma mulher por vez. Isso não é segredo para elas. Elas, por sua vez, tem liberdade para compactuar com essa forma de relacionamento como preferirem. 

Ter um relacionamento não monogâmico, porém, não significa ter pouco caso pelo outro, ser irresponsável. Não somos assim com amigos - que, por natureza, temos vários. 

Por que seríamos irresponsáveis e descuidados com nossas parcerias afetivas? Durante os últimos dois anos, desde que me separei, venho desenvolvendo, aprendendo essa forma de me relacionar. 

Sempre busquei isso em todos os meus relacionamentos. Nesse período, já tive momento em que tive diversas parceiras e, inclusive, em alguns momentos chegamos a sair juntos. Já tive momentos em que fiquei sozinho, sem problemas também. 

Descobri que, para mim, o que funciona é não rotular de forma alguma o relacionamento - e mesmo chamá-lo de relacionamento já é rotular - porque aí ele tem a possibilidade de se desenvolver com sua própria e única dinâmica, sem as expectativas que os rótulos, que os enquadramentos causam. 

Não só palavras são rótulos, mas comportamentos também. Outra coisa que venho descobrindo na prática - porque em teoria eu já sabia - é que existem vários tipos de amor. 

Cada encontro é a possibilidade de entregar e receber algo totalmente diferente. Mais que surpreender aos outros, a liberdade que essa modalidade de se relacionar tem me permitido a oportunidade de eu surpreender a mim mesmo. E isso é algo extremamente íntimo de ser compartilhado.

E o ciúme?
O ciúme é algo que se instala. Na prática, se você evitar certos comportamentos ele não se instala. 
A melhor forma de evitar o ciúme? Não se relacione com ninguém. Mas acho que esse é um comportamento que ninguém quer evitar. 

Na teoria, é aceitar que a pessoa não te pertence, que você não controla as ações dela e muito menos os pensamentos. Na prática, isso é muito difícil de ser transformado em ação, em uma atitude. 

Eu acho que o ciúme começa a se instalar - e nos relacionamentos monogâmicos esse processo é especialmente rápido - quando o que eu chamo de dependências neuróticas mútuas começam a surgir. Os dois se amam, mas ali junto com aquilo um precisa do outro para preencher algum vazio emocional mal resolvido e o outro também.

Com o tempo, o amor pode se transformar em outra coisa, mas as dependências mútuas são as mesmas e talvez mais fortes, mais enraizadas. Como uma árvore que é esmagada por um parasita: o tronco está em pé, mas morto. 

O que mantém as coisas em pé é o parasita em volta, que esmagou a real razão de os dois um dia estarem juntos. 

Aí começam as cobranças porque um dá para o outro o que o completa na sua dependência e quer a retribuição. De minha parte, eu gosto que as pessoas com quem me relaciono se relacionem com outras pessoas e, se elas quiserem falar sobre isso, sou todo ouvidos. 
Me ajuda a entender que, na verdade, não tem nada demais e, se na dinâmica do relacionamento, outras coisas acontecerem e se transformarem será algo gradual, assimilável, sem medos ou traumas. Já aconteceu e foi bem bacana.


Alessandro e Claudia Regina (foto por Rodolpho Pajuaba)


Você é adepto da prática de algum fetichismo? Conte um pouco para nós da sua experiência.
Tenho vários fetiches mas não posso dizer que vivo isso como um estilo de vida. 

Desde menino olhar mulheres usando botas ou roupas justas me fascinou. Atraía meu olhar. Deve ser influência da Mulher Gato, do seriado da década de 60 ou algo assim. Isso acabou se desenvolvendo para eu gostar de mulheres más, poderosas, fodonas, usando botas, roupas de látex ou outro material colante e brilhante. 

Quem acompanha meu Facebook já deve ter visto eu compartilhando imagens assim. Recentemente fui a uma festa em São Paulo com a Claudia Regina e o Alex Castro e estávamos todos vestidos a caráter, com borracha, coleiras, mordaças e o que você puder imaginar. Foi muito legal. 

Muitos de meus relacionamentos têm essa pegada, mas não todos e não o tempo inteiro. 
Sou um cara que curte o casual também, o que nesse universo eles chamam de "baunilha". Gosto de ficar vendo seriado e comendo pipoca embaixo da coberta.


Recentemente você começou um projeto de newsletter. O que você tem de interessante a dizer para as pessoas?
O projeto da newsletter foi a forma mais direta que encontrei de chegar até as pessoas que estão interessadas no que eu tenho para dizer. Os blogs, por diversas razões que não cabe analisar agora, perderam essa característica. 

A newsletter vai até a caixa de entrada das pessoas. Isso é o mais próximo que podemos chegar delas pela internet. 

Todo o mundo abre o e-mail pelo menos uma vez por dia. O que eu tenho para dizer são coisas sinceras, pensamentos que realmente passam por minha cabeça enquanto a vida acontece. 

Não sou uma pessoa que esconde muita coisa - meu limite é quando a minha vida invade a privacidade alheia - então acho que essa transparência agrada as pessoas. Penso que ser assim é uma forma de atrair iguais. 

Acredito que a frase "a verdade vos libertará" tem mais a ver com a verdade que você diz do que com a que você ouve. 

Dizer a verdade, mostrar-se nu, como você é, com um mínimo de reservas é uma maneira de aproximar quem se identifica com você e perceber que ser quem você realmente é, embora difícil por não sabermos responder direito essa pergunta, não dói. 

Pelo contrário, como eu disse, liberta. 
Engraçado eu terminar assim, pois foi a pergunta que você fez no início.

Assine minha newsletter. Ela é incrível: http://alessandromartins.me/newsletter/

Por: (Kell Bonassoli)
De: (Curitiba - PR)
Email: (kellbonassoli@intravenosa.com.br)

Você já curtiu a Revista FRIDAY no Facebook? faça como eles ;)

0 comentários: