#05: Visibilidade Trans

Confira na capa do mês de fevereiro da Revista Friday, uma entrevista sobre os desafios de uma pessoa trans, com a ativista LGBT Rebecka de França.

INTERNET: Mudanças, tecnologia e Google+

Confira algumas mudanças que o google+ realizou para agradar os usuários.

Conexão Canadá: Vancity- The Journey begins

Camila Trama nos conta um pouco de seu intercâmbio em alguns lugares do Canadá.

CINEMA: Sassy Pants

Rebeldia, insatisfação e as paixões fazem parte do cotidiano de todos os adolescentes, confira a resenha do filme Sassy Pants.

VITRINE: O universo feminino de Isadora Almeida

Inspirada por ilustrações de moda, estamparia e coisas que vê por aí, conheça o trabalho da ilustradora mineira Isadora Almeida.

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20 de junho de 2013

Doa-se roupas e pessoas neste inverno

Com exceção da sua família, pessoas substituem pessoas. Em uma sociedade na qual crescemos em torno de contos de fadas é difícil aceitar isto.

Mais rude seria dizer que pessoas são iguais objetos, similares a roupas.
No começo você fica na dúvida se vai vestir bem, se o tamanho e afinidade para acompanhar seu dia a dia será encaixado. E na primeira vez que sai é, às vezes, até desconfortável de usar/acompanhar. Daí começamos a imaginar que deveríamos ter continuado com o antigo porque já tinha nosso formato.

Uma camiseta velha deve ser doada quando percebemos que não serve mais, seja por que você cresceu, seja por que o gosto não é mais igual. Um dia já foi novo, já te acompanhou para vários lugares, só que um dia chega a hora de ir, pois de nada adianta guardar se não vai mais te vestir bem.
Igual àquela blusa que nos deixava bonita. Um dia notamos que enjoamos pelo simples fato dela não nos deixar mais tão belas.

O mesmo vai rolar com um salto alto ou aquele tênis novo: no começo a sincronia é diferente, chega ate incomodar, mas se depois conforta bem, começamos a nos adaptar.
Naquela hora de se desfazer a gente enrola. Pensa, repensa. Não sabemos o que vai acontecer. Preocupamo-nos já que não sabemos para qual destino ela vai. Só temos a noção que deve partir, pois já está ocupando muito espaço no guarda roupa.
Foto/divulgação

É, pessoas são iguais objetos. Se você gosta, você se importa. Cuida. Arruma. Deixa alguns utensílios de lado só para sair com aquele/aquela que te faz se sentir melhor. 
Se tanto faz você até se importa, mas terá várias outras opções de vestes em sua mente antes de escolhê-lo. 

Note que a confiança que é igual aquele rasgo que fizemos no blusão preferido sem querer. Podemos levar para a costureira. Ninguém consegue perceber o que há de errado. Ninguém precisa descobrir. Só que toda hora que pegarmos para usar reparamos naquele detalhe, que pode estar apagado para quem não sabe, mas para você é algo que incomoda nitidamente.

Similar ao sentimento de quando emendamos um moletom xodó na espera de ser como antes. Pessoas e momentos também não voltam a ser como eram só pelo fato de desejar. E até se tentarmos, sentiremos que a qualidade já não é igual, desencantou.

Parecido de quando perdemos uma blusa que amamos usar. Imaginamos que nunca mais acharemos algo parecido. Temos receio de adquirir algo que não chegue à expectativa e, às vezes, temos até preguiça de ir procurar no mercado. Entretanto, quando achamos, meu bem, usamos sem dó e, sem perceber, esquecemos da peça antiga. 

Há milhões de casacos, cachecóis, paletós e calças espalhadas pelo mundo. Não sofra por algo que te aperta. Com exceção de sua família, pessoas substituem pessoas de forma natural.

Ah, porém não podemos negar: gostoso é quando sentimos afinidade com aquele trapo da vitrine. Uma ligação. Parece que foi feito sobre medida. Daí, amigo, por mais que haja muitos objetos pelo mundo, cuide. Porque peças raras são difíceis de achar.

Por: Débora Komukai
De: São Paulo- SP


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3 de maio de 2013

Sem rapidinhas , a moda é comer devagar ...

E daí você clicou porque pensou que o verbo na frase tinha outro sentido. Aviso que está enganado, campeão. 
Pode mudar de página. Pode fechar. Ou, pode continuar a ler o ínicio de mais uma etapa da Friday.
Inspiradas em tantas fotos de alimentos postadas no Facebook , Instagram e os escambais. Decidimos criar uma editoria especial para essa prática que tanto nos apetece, comer. Os gordinhos pira. A proposta é falarmos sobre restaurantes/ bares/ carrinhos/ barracas que servem diversos quitutes , sem preconceito. Por que não é só o D.O.M que merece destaque! A seguir, um texto para esquentar a nossa estréia neste universo de comilanças.
 
Imagina só você no formato de uma coxinha. Foto: Camiseta clássica vendida no Bar Veloso - SP

“Somos aquilo que comemos”.  Uma famosa frase dita desde nossos parentes até grandes especialistas na área da saúde.  Uma alimentação balanceada é consequência da nossa qualidade de vida. Uma sentença que demostra o quanto o pão nosso de cada dia reflete a sociedade que vivemos. Não são apenas músicas e artes que remetem à cultura de um país.

Por ser um ato que realizamos todos os dias, muitas pessoas deixaram de notar o quanto a culinária reflete a cultura de um povo. A mania de fazermos tudo de maneira veloz, nos faz esquecer vários detalhes. Como exemplo,  o modo de como sentamos à mesa até o uso de temperos específicos que fazem nos transmitir a nossa história e identidade. Por exemplo, no Japão usa-se a expressão Itadakimasu, quando se inicia uma refeição. Palavra que significa gratidão pela comida. No Brasil, um ato similar ocorre quando encenamos o símbolo da cruz, representando, assim, um agradecimento pela refeição.

No Oriente Médio, é fundamental receber com pão e chá um convidado. Em algumas casas, há um ambiente especifico para receber a visita, junto do pequeno banquete. A culinária desta região é marcada por temperos doces e apimentados e, por vezes, gordurosos. (Mais uma vez o chá é bem-vindo, pois costuma-se servir essa bebida após as refeições, com o intuito de ajudar na digestão). Carnes como de carneiro e galinha são comuns. Grande parte da população pertence ao Islã, por isso a circulação de alimentos suínos é bem rara de se encontrar. (Nada de torresminho).

Lembrando o contexto histórico, ligado à cultura e gastronomia, vale dizer que, entre as panelas de Israel, não há apenas inspirações árabes, mas também tendências europeias. Pois muitos judeus antes da campanha para emigração do estado de Israel viviam na região da Europa Central. (A mudança de um povo significa muito além da localidade. Resulta na troca de ideias, temperos e costumes de uma nação)

Indo para a África, em especial ao Marrocos, a bebida símbolo do país é o chá-de-menta. Tradição é servir pelo menos três doses aos seus convidados e, segundo a lenda, há um significado para cada etapa bebericada. “O primeiro copo é tão amargo como a vida, o segundo é tão intenso quanto o amor e o terceiro é tão suave como a morte”. Um gosto adocicado, forte e amargo, todas essas sensações em uma pequena xicara.

Um exemplo nacional de comidinhas atravessando o século e o dia-a-dia de um povo é o acarajé. Um quitute que inicialmente era feito por escravas de ganho ou libertas. Além de comercializar, o bolinho servia de oferenda para santos e fiéis em eventos relacionados ao candomblé. Engraçado notar, e perceber a evolução do pensamento de um povo, pois uma receita com origem do candomblé, que inicialmente foi vista com preconceito, atualmente representa a cultura e a identidade de um país dominado pela igreja católica.

Isso tudo mostra como o produto que ingerimos representa um significado muito maior que apenas nos satisfazer. Demostra a batalha de pessoas que deixaram, em forma de receitas, a sua luta em diferentes espaços. São pratos que espelham a força de uma época, ideologias que atravessaram gerações e representam um território especifico. Podemos, assim, afirmar que realmente “somos aquilo que comemos”.  

Por: (Débora Komukai)
De: (São Paulo )

20 de setembro de 2012

E aí vibrou ...

Acordo pela manhã, mal abro os olhos, e já apanho o BlackBerry. A necessidade de olhar aquela tela é tanta que esqueço que tem alguém dormindo em minha cama. Uma pessoa respirando do meu lado, e de alguma forma, mesmo que dormindo, ela também quer a mesma atenção que o Android, quer ser lembrada ao acordar.

Não importa, já esvaziei a minha caixa de entrada, chequei as minhas atualizações, e retornei os meus inbox. UFA, agora posso olhar ao meu redor. É mesmo, não tinha reparado como ele é tão lindo dormindo, acho que vou acordá-lo aos beijos e carinhos. Mas...  escuto o barulho de mensagem chegando, aquela vibração única do meu celular. Penso mil vezes, olho o aparelho e observo alguém que está deitado comigo, quem devo dar atenção primeiro? Melhor ao meu Smartphone, pode ser algo urgente – ou apenas mais uma notificação de FarmVille.



Me viro e me preparo para te encher de SZ , símbolo muito popular em minha rede, mas que droga...ele já se levantou e eu nem percebi. Tudo bem , amanhã eu o acordo da maneira que imaginei, deixa para depois ...

Para compensar vamos juntos ao restaurante bem chique. Chegou o prato, que coisa bacana, já clico no Instagram. Vou postar para a galera ver, quantas curtidas irei receber? Lógico, não sou egoísta, para mostrar que não estou só, já marco a pessoa que está do meu lado. Vamos juntos ao cinema, agora é hora de colocar o celular no silencioso, desligar, nem pensar! Na hora do trailer minhas mãos não estão próximas das suas, é que antes eu preciso fazer um check-in aqui no Cinemark.

Faço pose de casal feliz para colocar as fotos nas redes sociais, porque minhas relações têm que parecer sempre melhores que a sua, mesmo que seja “fake”. Chego a minha casa, já é noite. Meus pais pedem para jantarem comigo, porém, agora não dá. Esse é um horário que todos os meus amigos estão na Internet. Não consigo parar de teclar, janto na frente do computador.

Que droga, por qual motivo, justo essa pessoa demora tanto para me responder? Já faz vinte minutos que eu enviei essa mensagem. Preciso stalkear a sua vida. Mas, esqueço de ligar e perguntar se você está bem.

What’s UP , nome do meu aplicativo favorito. Todos falam comigo lá, em uma velocidade incrível, uma conexão inacreditável. Só que quando eu esbarro eles na realidade, ninguém pergunta como estou ou me diz “ Hey dude, What’s up?”.Confesso que alguns são bem mais interessantes apenas no mundo web.

Mando “saudades” para a galera que estudei na infância, e a conversa morre aí, ninguém se mexe, ninguém sai da frente da tela azul. Tenho 500 seguidores no meu twitter, mas quando as coisas ficam complicadas na vida real, nem 5 aparecem.

Sou conectada. As pessoas me mandam muitos “likes” e compartilham daquilo que eu falo. Quando alguém me pergunta sobre tal coisa, logo respondo: “Publiquei na minha rede, vê lá”, esqueço que as pessoas que perguntam algo querem escutar da minha voz o que realmente acontece.

E assim o tempo passa ... sabe, não importa. Porque eu ouvi dizer que a tecnologia une as pessoas e é isso que eu quero. Quero poder falar com liberdade, quero gritar quando quiser, quero ser escutada. Caminho mais um pouco ouvindo o meu Ipod e não percebo o desabafo do meu amigo que anda do meu lado, tão perto e tão distante....


Por: Débora Komukai
De:  São Paulo - SP
Email: deborakomukai@revistafriday.com.br








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4 de junho de 2012

E DALÊ DALÊ JUCAAA! Mas aí, o que é J-U-C-A?

Jogos Universitários de Comunicação e Artes, ou simplesmente JUCA, é um mega evento que reúne esportes, convivências e diversos tipos de conhecimentos entre milhares de estudantes universitários. É a integração de oito, das mais conceituadas faculdades de comunicação e artes do Estado de São Paulo, sendo elas: Metodista, ECA, Caspér Líbero, PUC-SP, PUCAMP, Belas Artes, Mackenzie e a mais nova bixete do campeonato Anhembi Morumbi - que substituiu a FAAP.

O JUCA é realizado de forma tradicional no feriado Cristão de Corpus Christi, anualmente desde 1993, e como toda comemoração religiosa, tende-se a pregação de bons modos e fraternidade.  Nele são disputados jogos de 15 modalidades: Basquete feminino, Basquete Masculino, Handebol Feminino, Handebol Masculino, Vôlei Masculino, Vôlei Feminino, Futsal Masculino, Futsal Feminino, Futebol de Campo, Tênis, Tênis de Mesa, Natação e Rugby.

Não podemos esquecer de falar das Baterias e torcidas independentes de cada Instituição. Há quem diga que a bateria é a energia de cada time ou atleta em campo, uma força que envolve em forma de canto todos ao seu redor ou até mesmo um jogador em campo que faz toda diferença.

Neste ano os jogos serão realizados na cidade de Guaxupé, Minas Gerais.
Serão quatro dias de festas, cervejadas, concentração, rixas e sorrisos. 

Esse é o momento de aumentar o seu futuro mailing e participar de diversas novas histórias para dividir com os colegas. É o período de racionar água, seja no banho “diário” ou como bebida – trocada nestes dias por aquela caneca de cevada. São minutos que o ato de dormir virará luxo. É o instante que você vai quebrar a cabeça para tentar montar e manter a sua barraca. É a semana para você abraçar a sua faculdade, as suas cores e o seu time.  E acima de tudo, é a melhor época para unir seus amigos que te acompanham nestes anos de estudos. 


Porque , se o Mundo for acabar que acabe ASSIM... 

22 de março de 2012

Conexão Qatar #5: I don’t speak arabic!

O dia já estava se escondendo, era hora de voltar à cidade. A maré da praia parecia querer me contar algo, o barulho das ondas me trazia energias jamais sentidas. Comecei a observar todo aquele cenário, aquele céu, aquelas águas. Há tempos não parava tudo ao meu redor, só para observar, notei minhas colegas sorrindo uma para outra e comecei a sorrir também. E por um instante agradeci por aquele momento. E no meio de toda essa reflexão escuto bem de longe um ruído, até que o som se aproxima e percebo alguém gritando comigo “ YALLAH JAPONESA, YALLAH” *. Minha mente volta ao mundo, bem mais leve, mais pura. E percebo que realmente, o dia já se foi, mas a noite no mundo árabe ainda me reservava muitas histórias.

Adoro escutar música observando a estrada. E no Qatar isto se tornava mais interessante. Sua estrutura é uma mistura de desenvolvimento com áreas totalmente desabitadas. Uma hora observava um enorme prédio, no outro segundo, só enxergava areia. Também sei que a mesma paisagem deserta que vi há alguns dias atrás , provavelmente , não estará mais lá daqui a poucos anos. Já que, quem é ligado no mundo sabe, esse país promete. Engraçado era notar que viajei para o extremo oeste do país, de ônibus, e demorei apenas 2H. Cara, duas horas é a média de tempo que eu faço para voltar da Avenida Paulista – São Paulo para a minha casa, em dias comuns. Sim, lá não presenciei nenhum congestionamento, não importando o horário. Juro, que às vezes, essa falta de caos me despertava até certo “medo”.

Tatuagem de henna e hubs ( Por Débora Komukai)

Professora Qatari em praia local ( Por Débora Komukai)

Tipica tenda de praia do país ( Por Débora Komukai)

Meus pés nas águas do mar de Alanah-Anah
O ônibus estacionou , vejo um estádio enorme , com o seguinte letreiro: “ AL GHARAFA SPORTS CLUB” . Este time é a maior equipe de futebol do país. Atualmente conta com a liderança do técnico brasileiro, carioca da gema, Leonardo Vitorino. Quando ele veio nos cumprimentar a felicidade me dominou, não imaginava o quanto é gostoso estar em outro país e escutar alguém desconhecido falar o seu idioma , a sua gíria.Conhecemos os jogadores – dentre eles havia 3 brasileiros. Foram todos tão atenciosos que mesmo com o cansaço pós treino, nos chamaram para jogar com eles .Lógico, que não perdi esta oportunidade.


E do nada lá estava eu, um nada, no meio daquele campo enorme, no centro daqueles homens gigantes. Não há dúvidas, o futebol é algo que uni as pessoas não importando o lugar que esteja. É o raro momento no qual não importa se você fala o mesmo idioma ou não, as regras são claras e um único sinal expressa tudo. A noite estava muito fria. Após correr alguns minutos comecei a sentir aquele vento me cortando, mas nada era motivo para se sentar no banco. Vi cenas raras , quando alguém fazia gol eram 3 gritos da mesma tonalidade , expressando palavras diferentes , mas com o mesmo significado. Avistei um homem com vestes longas (ثوب) e sandália jogando ao meu lado. Disputei a bola contra um jogador profissional - cena que jamais imaginaria viver e confesso que eu perdi a bola. Mas, consegui deixar a minha marquinha naquele gramado verde Brasil , com um golzinho no canto da rede , com direito a comemoração.

Jogador do Al Gharafa , boleragem.

"Walter", representando o Brasil ( Por Débora Komukai)
Na volta estava exausta, até que escuto uma história cômica, que me faz despertar. Um colega que viajou comigo conseguiu cometer alguns erros de inglês, maiores que o meu. O primeiro foi o seguinte, o sujeito queria um copo da água e me soltou algo assim “I need WALTER” . (Imaginem só a cara da garçonete), porém, não feliz com esta situação o mesmo individuo tenta conversar com uma atendente do hotel em inglês, a mulher simplesmente respondeu: “I don’t speak arabic”... Que fase!

5 de março de 2012

Conexão Qatar #4: Um mergulho na cultura árabe

Lembro-me da minha primeira apresentação de escola como se fosse ontem.  
Confesso que nunca fiquei muito nervosa para este tipo de situação, porém, sei que existem inúmeras pessoas que tremem, se irritam, passam mal só de pensar em ficar exposta a um certo público. Bom, mas agora tudo era diferente. Sabia que em poucas horas teria que fazer uma breve apresentação do meu país para os estudantes Qataris, só que dessa vez, tudo seria dito e lido em ÁRABE!

Meu Deus, Oh Alláh, quem irá me proteger?
Nada de chorar, vamos nessa. 

Qatar Leadership Academy
Rumo a Qatar Leadership Academy, o quê? Calma aí, galera, eu explico: A QLA é uma das instituições mais respeitosas do Qatar. Um colégio militar que tem como lema as palavras: “Disciplina, honra e sabedoria”. Para variar a estrutura era magnífica. Fomos recebidos com uma dança típica do país, que envolvia uma curiosa música e um jogo de espadas, show!

Falcão na sala de visitas da QLA
Entro em uma sala toda decorada, noto algumas almofadas, tapetes coloridos, objetos típicos, um falcão, quadros, detalhes magníficos... UM FALCÃO? No meio da sala? Assim do nada? SIM! Com todo cuidado tive a oportunidade de segurar a ave em meus braços. O animal é treinado e tratado pelos estudantes e funcionários, algo incrível.
No mesmo dia andei de camelo, confesso que achava que eles eram bem mais dóceis (um deles quase me mordeu).

O tempo voa quando estamos fazendo algo que gostamos, com certeza, você já reparou nisso. Os sentimentais que me desculpem, mas com toda aquela correria e aquela ânsia de aprender coisas novas, ainda não havia tido muito tempo para me comunicar e de sentir falta de ninguém do Brasil. Quando eu notava já era de noite , já estava exausta. Minha apresentação foi concluída com sucesso, “Al-hamdu-lellah”. O friozinho na barriga já era algo do passado, que fase, que vida.

A hora mais feliz do dia , almoço na praia de Alanah-Anah
No dia seguinte fomos convidadas a irmos à praia de uma das estudantes. Isso mesmo, você leu corretamente, a praia era de fato da família de nossa colega. Foi uma honra. Fomos recepcionados de forma calorosa e para variar com muita fartura. A paisagem era linda. Nunca tinha visto uma água tão limpa. A areia era mais grossa e clara. Não havia quase nenhuma onda naquele mar, agora me recordo daquele barulho e daquela paz, que saudade. Neste mesmo local aprendi que molhar os pés e ficar na brisa do final da tarde, realmente, não resulta em algo legal. Meus dentes batiam de frio, minha boca estava roxa, no entanto estava de óculos escuros e na praia. Dá para imaginar? É um paradoxo tão grande que descrevendo assim parece até piada. Fui acolhida com uma manta e uma fogueira, acompanhada de pão quente e chá. O calor das pessoas ao meu redor era aconchegante. Lá tive a oportunidade de ouvir palavras que pretendo levar para a vida. Achava que por ler bastante sabia de diversos assuntos, mas percebi que não sabia de nada. Me ensinaram que um olhar visto somente por uma tela ou papel, não é nada real. Apenas quem vive aquilo pode nós contar o que realmente é. 

Entre diversas perguntas, desde religião até família, uma delas foi: Como vocês sabem que estão se casando com o homem certo?” – Já que a separação é má vista e não existe namoro no país -  me responderam deste modo: “Fácil, é só notar como ele trata as mulheres da vida dele. Se ele tratar bem a sua mãe, irmã, avó, ele há de te tratar bem também. Amar não é ficar falando coisas bonitas , é ter alguém que há de largar tudo quando você precisar, é cuidar de você”.

Parece simples lendo aqui, por vezes até meio bobo. Mas foi daí que comecei a pensar que nós ocidentais nos julgamos “moderninhos” e adoramos falar o quanto é rústico o modo de relacionamento no oriente médio, porém, somos tão modernos que nos esquecemos dos detalhes mais antigos de uma relação e assim trocamos de pessoas igual trocamos de roupa, porque ser moderno é ser sempre atualizado. NÃO.

Alanah-Anah beach

Apresentação de dança ( Por Débora Komukai)

العرضة ( Por Débora Komukai)
"Nossa , nossa , assim você me mata.."

Meu pensamento vai embora quando sou convidada a dançar. Lá descobri que não importa o ritmo musical, decididamente, não nasci com gingado. Risadas naturais me rodeiam, o sol já estava se escondendo, cerca de quinze mulheres de diferentes lugares estavam repartindo aquele único momento, aquela única música. O dia ainda prometia muito...


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