Virou
moda falar que, quando algum cantor famoso bate as botas- tá aí o Emílio
Santiago e aquele skatista caiçara como exemplos- os “fãs de momento”vão
correndo baixar a discografia. Foi assim com a Amy, com o Michael Jackson, vai
ser assim quando o próximo rockstar bater as botas.
Sorte
desses “fãs” que Zappa morreu em 1993, bem antes dos downloads da net. Ou então eles estariam em grandes apuros.
Isso
porque nenhum autor musical moderno a fazer sucesso mundial foi tão prolífico
como Frank Vincent Zappa. O americano lançou nada menos que 94 álbuns oficiais,
sendo 81 deles de estúdio. Como a carreira dele durou de 1966 (com o lançamento
do icônico Freak Out!) até o ano de
sua morte, isso dá uma média de 3,48 álbuns por ano! Só em 1979 foram 5! Mesmo
assim, uma boa parte destes trabalhos, 32 deles, foram lançados após sua morte
(um deles inclusive chegou ao mercado em Setembro passado).
A irreverência
por detrás do cabelão e do bigode, se escondia uma das mentes mais sistemáticas
do rock and roll: a sua banda – a não
menos importante The Mothers of Invention- continha membros geniais (Steve Vai era um
deles) e todos vivam sob um regime opressor sem drogas nem álcool. Nem ao menos
um cigarrinho, e isso tudo muito antes de existir o straight edge.
O som produzido por ele até
hoje intriga os críticos: do rock progresssivo à música ambiente, passando pelo
jazz, instrumentais, conversas, operas, proto-punk e experimental, Zappa fez de tudo em mais de 800 composições.
Algumas delas tem detalhes interessantíssmos. Vamos falar de três que são os
mais com a cara de Zappa:
We’re
Only in It For The Money: Um clássico pra todos que vieram depois dele,
inclui conversas de telefone, improvisações e solos virtuosos. Isso é pouco, se
comparado com a capa abaixo (que dispensa maiores explicações).
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Bem...já vi em algum lugar. |
Thing-Fish: Quando Zappa decidiu
investir na Opera, o libreto que ele construiu não foge a sua ideia principal –
não ter ideia principal, Um rasgo seco sobre a AIDS (a doença estava, em 1984,
em seu auge), feminismo, eugenia e teorias da conspiração, tudo isso é fieto
dentro de um musical da Broadway de um musical da Broadway sobre um musical da
Broadway. Confuso à primeira vista, mas divertidíssimo, como a única composição dele a ir parar na MTV, You Are What You is.
Shut
Up ‘n Play Yer Guitar: Um dos meus favoritos – junto com o Hot Rats
- é uma sequência de instrumentais que
beiram o psicodélico. O destaque é a guitarra primorosa de Zappa, que toma ângulos e tempos variáveis
em cada canção, mudando de rumo de uma hora pra outra. Quando parece que está
perdido, voilà, a batida soa precisa
como um relógio.
Pra quem quiser conhecer a obra do cara, a discografia pode
ser baixada aqui. Vá ouvindo de poucos. Afinal, 12 Gb de música não são pra
todos.
Por: G.L.Mendes
De: Carapicuíba - SP
Email: contato@revistafriday.com.br
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