Em meio ao século XXI caminhamos em um paradoxo. Buscamos
cada vez mais a globalização, mas, pregamos o individualismo. Um cotidiano que
nos ensinou que é cada vez mais natural ler e ver cenas sobre guerras,
conflitos e pessoas refugiadas como se fosse algo comum. Abrir ao jornal, ligar
a televisão e ler algum artigo na internet sobre esses assuntos virou rotina.
Pouco se discute. Quase ninguém se comove mais.
“Todo país que eu me mudava era uma vida nova. Chegar
aos Estados Unidos com um idioma e uma cultura totalmente diferentes da minha
realidade foi o maior choque. Tive que crescer para depois nascer”, diz Bassam
Abdulsada. O jovem nasceu no Iraque e se mudou para Síria com nove anos de
idade. Período que parou seus estudos para trabalhar e ajudar sua família.
Mesmo ainda sendo uma criança, Bassam, trabalhava mais
de dez horas por dia. Com 16 anos se refugiou junto de sua família para os
Estados Unidos a fim de começar outra vida. Quando me convidaram para contar
sobre a minha infância pensei que primeiro tinha que ter tido uma infância,
relata o jovem.
Essa pode parecer mais uma história qualquer. Um relato
que se pode escutar pela rádio da cidade tomando café em um dia comum da sua
vida. Não é novidade saber que a Síria está em guerra assim como diversos
países principalmente situados na região do Oriente Médio e África.
Com o intuito de quebrar essa zona de conforto,
organizações como a Qatar Foundation Internacional, World Affairs Council e a
Three Chairs for Refugees organizaram uma videoconferência com mais de vinte
estudantes de diferentes países como Brasil, Qatar, China, Nepal, Sudão e
Estados Unidos.
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O encontro realizado no dia 27.01 promoveu a ação de jovens mediadores de diferentes nacionalidades para dinamizar o debate entre todos os estudantes. |
O encontro foi
feito com base no projeto Global
Education and Engagement (GLEE) no qual reuniu as histórias reais de Asmaa
Mohammed, Bassam Abdulsada e Byaombe Mwenges, jovens refugiados que buscaram
abrigo na cidade metropolitana de Seattle- Washington. Os três estudantes
criaram vídeos com narrações, imagens e relatos pessoais de suas experiências e
compartilharam com jovens de diversos cantos do mundo. Por meio da plataforma Google Hangout foi realizada uma reunião
no último mês de janeiro que integrou os contadores de histórias com os demais
envolvidos do projeto.
Byombe cresceu em um campo de refugiados da Tanzânia. Se
recorda que morava em uma região à beira de um rio e junto de sua irmã corria
atrás de animais como macacos que roubavam as frutas de sua terra e grande
parte da comida de sua família. “Às vezes os macacos também eram divertidos e
simpáticos com a gente”, diz a jovem que relata suas lembranças com um sorriso
no rosto mostrando que mesmo diante da dificuldade ainda se tem coisas gostosas
de se contar.
O debate durou uma média de 1h30 e mesmo com o fuso horário os estudantes se mostraram animados com a discussão |
Muitas pessoas refugiadas do campo da Tanzânia não são
capazes de fazer uma denúncia porque ninguém se preocupa com os refugiados, diz
Mwenges. Mostrando como a situação de desespero não acaba apenas quando mudamos
de países. Porque a família, amigos e um grande sentimento ainda permanece no
mesmo local. “Meu irmão está tentando vir para os Estados Unidos. Mas toda vez
que ele tenta o governo da Tanzânia diz para esperar e esperar”, conta a
garota.
“Byombe
me mostrou que os desafios para os refugiados não termina quando eles escapam
da perseguição. Em vez disso, quando eles viajam para um lugar novo enfrentam
um novo conjunto de questões e dificuldades”, diz Philmon Haile, estudante de
Relações Internacionais que participou da organização e orientação do projeto.
Asmaa Mohammed nasceu na Somália e se mudou para
diferentes regiões antes de aterrissar nos Estados Unidos. A jovem está no
último ano do ensino médio e pretende cursar medicina após sua graduação. “No
meu país não há muitos médicos e nem assistência, quero conseguir virar médica
e ajudar meu povo”.
Na foto: Asma, Byaombe e Philmon. |
Muito além de palavras e estatísticas, a iniciativa reuniu
sentimentos. Ofereceu um espaço para jovens que provavelmente nunca iriam se
conhecer trocarem experiências. “A conversa realmente diversificou a imagem da
experiência de refugiados para mim e deu para os jovens uma oportunidade de vir
discutir questões globais, ajudando a todos os envolvidos serem líderes mais
conscientes globalmente no futuro”, diz Haile.
E você o que sabe sobre pessoas refugiadas?
Quer ver o material de apresentação na íntegra? É só acessar: http://goo.gl/V3czaD
E você o que sabe sobre pessoas refugiadas?
Quer ver o material de apresentação na íntegra? É só acessar: http://goo.gl/V3czaD
Por: Debora Komukai
De: São Paulo
Email: debora@revistafriday.com.br
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