12 de fevereiro de 2014

#ESPECIAL: Jovens refugiados compartilham experiências com estudantes de diversos países

Em meio ao século XXI caminhamos em um paradoxo. Buscamos cada vez mais a globalização, mas, pregamos o individualismo. Um cotidiano que nos ensinou que é cada vez mais natural ler e ver cenas sobre guerras, conflitos e pessoas refugiadas como se fosse algo comum. Abrir ao jornal, ligar a televisão e ler algum artigo na internet sobre esses assuntos virou rotina. Pouco se discute. Quase ninguém se comove mais.

“Todo país que eu me mudava era uma vida nova. Chegar aos Estados Unidos com um idioma e uma cultura totalmente diferentes da minha realidade foi o maior choque. Tive que crescer para depois nascer”, diz Bassam Abdulsada. O jovem nasceu no Iraque e se mudou para Síria com nove anos de idade. Período que parou seus estudos para trabalhar e ajudar sua família.
Mesmo ainda sendo uma criança, Bassam, trabalhava mais de dez horas por dia. Com 16 anos se refugiou junto de sua família para os Estados Unidos a fim de começar outra vida. Quando me convidaram para contar sobre a minha infância pensei que primeiro tinha que ter tido uma infância, relata o jovem.

Essa pode parecer mais uma história qualquer. Um relato que se pode escutar pela rádio da cidade tomando café em um dia comum da sua vida. Não é novidade saber que a Síria está em guerra assim como diversos países principalmente situados na região do Oriente Médio e África.
Com o intuito de quebrar essa zona de conforto, organizações como a Qatar Foundation Internacional, World Affairs Council e a Three Chairs for Refugees organizaram uma videoconferência com mais de vinte estudantes de diferentes países como Brasil, Qatar, China, Nepal, Sudão e Estados Unidos.


O encontro realizado no dia 27.01  promoveu a ação de jovens mediadores de diferentes nacionalidades para dinamizar o debate entre todos os estudantes. 

O encontro foi feito com base no projeto Global Education and Engagement (GLEE) no qual reuniu as histórias reais de Asmaa Mohammed, Bassam Abdulsada e Byaombe Mwenges, jovens refugiados que buscaram abrigo na cidade metropolitana de Seattle- Washington. Os três estudantes criaram vídeos com narrações, imagens e relatos pessoais de suas experiências e compartilharam com jovens de diversos cantos do mundo. Por meio da plataforma Google Hangout foi realizada uma reunião no último mês de janeiro que integrou os contadores de histórias com os demais envolvidos do projeto.

Com muita dinâmica, Asma, Bassam e Byaombe responderam questões feitas por mais de vinte estudantes que assistiam à conferência. Os jovens expuseram suas vivências relacionadas à migração forçada, aos assentamentos e cada desafio. A sensação de desconforto pela diferença de idioma e costumes foram as principais barreiras expostas pelos jovens.
Byombe cresceu em um campo de refugiados da Tanzânia. Se recorda que morava em uma região à beira de um rio e junto de sua irmã corria atrás de animais como macacos que roubavam as frutas de sua terra e grande parte da comida de sua família. “Às vezes os macacos também eram divertidos e simpáticos com a gente”, diz a jovem que relata suas lembranças com um sorriso no rosto mostrando que mesmo diante da dificuldade ainda se tem coisas gostosas de se contar.


 O debate durou uma média de 1h30 e mesmo com o fuso horário os estudantes se mostraram animados com a discussão 


Muitas pessoas refugiadas do campo da Tanzânia não são capazes de fazer uma denúncia porque ninguém se preocupa com os refugiados, diz Mwenges. Mostrando como a situação de desespero não acaba apenas quando mudamos de países. Porque a família, amigos e um grande sentimento ainda permanece no mesmo local. “Meu irmão está tentando vir para os Estados Unidos. Mas toda vez que ele tenta o governo da Tanzânia diz para esperar e esperar”, conta a garota.

Byombe me mostrou que os desafios para os refugiados não termina quando eles escapam da perseguição. Em vez disso, quando eles viajam para um lugar novo enfrentam um novo conjunto de questões e dificuldades”, diz Philmon Haile, estudante de Relações Internacionais que participou da organização e orientação do projeto.
Asmaa Mohammed nasceu na Somália e se mudou para diferentes regiões antes de aterrissar nos Estados Unidos. A jovem está no último ano do ensino médio e pretende cursar medicina após sua graduação. “No meu país não há muitos médicos e nem assistência, quero conseguir virar médica e ajudar meu povo”.


Na foto: Asma, Byaombe e Philmon.


Muito além de palavras e estatísticas, a iniciativa reuniu sentimentos. Ofereceu um espaço para jovens que provavelmente nunca iriam se conhecer trocarem experiências. “A conversa realmente diversificou a imagem da experiência de refugiados para mim e deu para os jovens uma oportunidade de vir discutir questões globais, ajudando a todos os envolvidos serem líderes mais conscientes globalmente no futuro”, diz Haile.

E você o que sabe sobre pessoas refugiadas? 
Quer ver o material de apresentação na íntegra? É só acessar: http://goo.gl/V3czaD 



Por: Debora Komukai
De: São Paulo
Email: debora@revistafriday.com.br

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