#05: Visibilidade Trans

Confira na capa do mês de fevereiro da Revista Friday, uma entrevista sobre os desafios de uma pessoa trans, com a ativista LGBT Rebecka de França.

INTERNET: Mudanças, tecnologia e Google+

Confira algumas mudanças que o google+ realizou para agradar os usuários.

Conexão Canadá: Vancity- The Journey begins

Camila Trama nos conta um pouco de seu intercâmbio em alguns lugares do Canadá.

CINEMA: Sassy Pants

Rebeldia, insatisfação e as paixões fazem parte do cotidiano de todos os adolescentes, confira a resenha do filme Sassy Pants.

VITRINE: O universo feminino de Isadora Almeida

Inspirada por ilustrações de moda, estamparia e coisas que vê por aí, conheça o trabalho da ilustradora mineira Isadora Almeida.

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28 de junho de 2013

Sobre criatividade e manifestações





O vitrine de hoje vem em clima de manifestação. Nos últimos dias, os brasileiros têm mostrado seu orgulho pela pátria indo às ruas.

Jovens, adultos, senhores e senhoras de todas as idades, cores e felicidades colocaram os pezinhos para caminhar na Paulista (ou em outros pontos de protesto) e reivindicar seus direitos.

Mais que o aumento de 20 centavos nas passagens em São Paulo, as reivindicações eram pelo fim da corrupção, pelo fim da PEC 37 e/ou da PEC 33 e até pelo uso do vinagre (quê?) – quem acompanhou as manifestações sabe do que eu tô falando.

É claro que com tanta gente indo às ruas, reivindicando os diretos e postando fotos no instagram, a internet virou uma grande vitrine de cartazes, hashtags e seres excepcionalmente criativos. É por isso que hoje eu trouxe um mix de coisas ~divertidas~ que encontrei pela web.



Eu me chamo Antônio é uma das páginas mais conhecidas de poemas do facebook. O autor das frases escritas em guardanapos se rendeu ao clima das manifestações e, desde o dia 17 de junho (data do primeiro grande ato), trouxe doses de inspiração para todos.



Mas o tumblr talvez seja o maior arquivo sobre as manifestações. Só nessa rede foram criadas mais de 10 páginas voltadas para o assunto. Assim, podemos ver páginas que mostram os motivos que levaram as pessoas às ruas até páginas que registraram os gatos e gatas que desfilaram pelas ruas de São Paulo (e/ou outras cidades do país) durante os protestos.

Karina, 20, estudante de design de games“Vim ajudar. É a primeira vez que eu venho. Quero ajudar a mudar o país”São Paulo, 20 de junho
Karina, 20, game design student“I’m here to support. It’s the first time I’m on a protest. I want to help to change the country”São Paulo, June 20

Além de todas as pessoas reunidas, famosos e não famosos, vândalos, com ou sem motivo para protestar e gente que só queria uma foto legal para o instagram, foram os cartazes levados às manifestações que brilharam nas redes.







E se você não foi criativo o suficiente para criar um desses, tem tumblr que ajuda também: o imprime e vai e o cartaz de protesto foram páginas criadas para auxiliar o despertar do gigante com muita criatividade!
Claro que a repercussão das manifestações não ficou só pela internet. A mídia – que ignorou o movimento nos primeiros dias – acabou ilustrando tudo nas capas das principais revistas do país.



E teve até Edição Histórica saindo por aí.



Bom, já deu para perceber que a criatividade do brasileiro realmente não tem limites. Além de imagens, páginas, cartazes, textos e capas de revistas, as manifestações também geraram vídeos, hashtags, games, comentários absurdos e, com certeza, a sementinha de uma nova consciência nessa população adormecida.

O resultado ~temporário~ de tudo isso? A revogação dos 20 centavos, o pronunciamento da Dilma em rede nacional esclarecendo algumas coisas e muita história para estudar.



*Voltamos com a nossa programação normal*

Você tem algum trabalho/projeto/dança incrível e quer divulgar?
Manda para cá: contato@revistafriday.com.br

Por: Jayne Oliveira
De: São Paulo - SP
Email: contato@revistafriday.com.br

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24 de junho de 2013

Alô, alô, protestando

Dia 21/06/2013 cerca de 35 mil pessoas, segundo a brigada militar, foram às ruas em Caxias do Sul protestar contra inúmeras falhas do governo. O protesto foi o maior no estado do Rio Grande do Sul.
 O que antes era apenas por R$ 0,20 tomou proporções até então nunca vistas para uma geração que ouvia falar de lutar pelos seus direitos nas ruas, só pelos livros de história. 
Corrupção, ato médico, cura gay, educação, saúde, PEC 37, acessibilidade para deficientes físicos, copa do mundo. Vários grupos com gritos diferentes que juntos gritavam por mudança!
Uma pena que um manifesto tão lindo como esse, do povo indo as ruas e gritando por seus direitos, tenha que ser ligado com atos de vandalismo. Infelizmente não foi diferente em Caxias do Sul, onde um grupo de manifestantes afrontou a polícia em frente a prefeitura da cidade, o que resultou em manifestantes inocentes agredidos pela tropa de choque. 









"Não quero a acessibilidade só no estádio da copa"


















"Não que curem!!! Não tenho roupas para ser hétero!!!"





Por: Cassiano Brezolla
De: Caxias do Sul - Rio Grande do Sul
Email: cassiano@revistafriday.com.br

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20 de junho de 2013

Relato de uma jovem na manifestação - Belém (PA)

De Belém, no Pará, Monique Malcher, de 24 anos, conta um pouco de como foi o "Manifesto Belém Livre", realizado na última quarta-feira, dia 19/06.  O relato a seguir não está na integra, fizemos um recorte. As fotos são de Renata Franco, também de Belém, no Pará.


Movimento Belém Livre e muitas coisas na cabeça
Foto: Renata Franco - Manifesto Belém Livre - 19/06/2013
A tia da minha melhor amiga no hospital, eu virada sem dormir, ansiosa. Mesmo assim nos encontramos perto do Museu Emilio Goeldi e fomos caminhando até chegar no Mercado de São Brás às 16h, ainda com um sol quente rachando a cabeça, não tinha reclamação e o número de pessoas já me assustava para uma segunda-feira. Elas vinham de várias direções, com visuais e histórias diferentes. Era como um prato exótico, com misturas inusitadas.
Na grama algumas pintavam cartazes, outras estocavam água na mochila, outros debatiam porque estavam ali, algumas caladas observando. Gente de partido, outros sem partido algum. Quando fomos às 18h rumo a Avenida Almirante Barroso éramos 10 mil ou mais. Estávamos um caldo grosso e fervilhando.
Não posso dizer que a sensação foi de “dever cumprido”, porque essa frase é quando se chega ao ponto final, e certamente nem chegamos perto dele, nos falta muito a percorrer. Também não posso dizer que os policiais foram nossos parceiros, eles apenas fizeram o que o dever manda, o que foi negociado, isso não é mudança, é negociação, os confetes são desnecessários.
Também não posso dizer que temos de nos vangloriar pelo “exemplo de civilidade” nas ruas, isso não é uma disputa de revolta misturada com egos, esse “isso” que estamos vivendo é algo maior. Que bom que foi pacifico nosso grito pelas ruas, mas não usemos isso como discurso de superioridade diante dos manifestantes de outros lugares. Somos eles e eles são nossa persona.
As bandeiras de partido na manifestação receberam como resposta: SEM PARTIDO SEM PARTIDO! Sinceramente não encaro como descriminação, se trata de uma reação a essa estrutura que nos acompanha até aqui.
Foto: Renata Franco - Manifesto Belém Livre - 19/06/2013

Os políticos que hoje estão de lados opostos um dia foram jovens e estiveram lado a lado lutando por suas ideias, consideradas levianas e viajantes. Então o partidarismo fez as pessoas levantarem bandeiras para provar que lado governava melhor. Tudo se confundiu de vez, perdemos o foco. Sim, perdemos o foco no ser humano, estamos ainda na caverna do Platão, tão atual, não é mesmo? Crendo e se alimentando de sombras.

Ir para as ruas foi não só para os belenenses, mas para todos os brasileiros, o grito da insatisfação, a voz do “oi, estou aqui”. É confuso mesmo para os governantes de todos esses lugares ouvirem que existem organizadores, quem sabe mediadores, mas não há representatividade única, que todo mundo do MPL (Movimento Passe Livre) se representa e mesmo assim não se trata nem sequer de socialismo. É igualmente complicado não ter um partido tomando a frente das coisas e que tudo caminha por si só de uma certa ótica. No fundo sabemos onde essas manifestações vão chegar, virão mudanças, gente brigando pelo que tem direito. Certamente sou contra aos que apontam o resultado final disso tudo com a palavra VAZIO.  Aqui por Belém é tão grande a mobilização que já foram criados por outros grupos uma avalanche de eventos chamando a população para protestar depois dessa primeira catarse coletiva e grito de expressão.

Esse sentimento de que chegaremos no vazio é o enorme apego a estrutura que estamos acostumados, que nos foi dada desde o saboroso leite do peito da nossa mãe. A luta de jovens não é nova, mas a forma é sim saída do forno. Antes víamos o facebook como ferramenta maravilhosa, mas não tínhamos experimentado seu real poder, e agora sabemos para o que ele realmente serve. Não se trata de querer viver em uma sociedade com ausência de hierarquias ou instalar uma nova forma de governo. No fundo todo esse #vemprarua se trata de uma nova forma de lidar com os problemas, com as insatisfações.
Existe na comoção com os episódios de SP um ar de "preciso parar de ter medo de falar o que penso e o que quero, preciso refletir, preciso olhar para o mundo de forma mais real e aprender que viver dignamente é mais que ter um quintal frutífero". E o quintal do outro? Desculpa lhe dizer, mas se o mundo explodir você explode também.
Mudar comportamentos, criar novos hábitos, é disso que se trata também, além de pautas concretas. Mais de 10 mil pessoas na rua em Belém bradando por educação, transporte e com memória do que nunca lhes agradou. Belém, terra bonita do carimbó, do rock, da guitarrada e da chuva das três. Nunca vi Belcity tão verdadeira, das janelas com toalhas ou lençóis brancos em apoio ao mar de gente que passava, e não, não era Círio. Foi bonito, mas a beleza também voa e passa rápido, precisamos aumentar esse fogo e aquecer o tucupi, não por apenas um mês, mas para sempre, até quando durar a vida.
Foto: Renata Franco - Manifesto Belém Livre - 19/06/2013
Aos que dizem que ir às ruas nada muda eu brado o contrário, muda sim. É a vez de perceber que a voz paternalista não convence mais, que o “Contra Plongée” agora é do povo, que está querendo falar outra língua, que estão escrevendo agora, na marra mesmo, já que não temos outras alternativas. Isso também serve para a mídia, que precisa rever sua forma de atuação e como ficou presa a patrocinadores ou empresários que distorcem tudo e fazem o que não merece ser chamado de jornalismo em aspecto algum, já basta de imitações do emblemático Foster Kane, que Orson Welles nos deixou com uma das obras primas do cinema.
Na onda da paz surge o vandalismo, e como resolver a vontade cega de depredar e acabar com tudo sem a estrutura de Estado e a cultura repressiva que conhecemos?! Se antes eram as pessoas que temiam o caos, agora é o caos que está cheio de medo. Brasil, qual é a tua cara agora?! Nem sei mais. 



Por: Revista Friday
E-mail: contato@revistafriday.com.br

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17 de junho de 2013

Relato de um jovem na manifestação - São Paulo (SP)

Guilherme Lazaro Mendes, 19 anos, estudante de jornalismo, esteve no "Quarto grande ato contra o aumento das passagens", na última quinta-feira, dia 13/06, em São Paulo. O seu relato é muito extenso, por isso o que virá abaixo são recordes, não editados, do que o Guilherme presenciou. Antemão, pedimos desculpas por não reproduzir o relato por completo. 

"Inspire. Respire. Inspire. Respire. Mas não agora, tem gás lacrimogênio na rua. 
(Foto: Erick Ferreira) 
São dezesseis horas, três minutos. O dia é treze de junho de dois mil e treze. O mundo vai cair em três horas. Meu chefe, na segunda-feira, me criticou que eu dizia muito “eu acho”, e que jornalistas devem apurar e ter certeza. Então me enfiei no olho do furacão para saber o que estava acontecendo. A partir de agora vamos apurar essas três horas.


E quando o relógio do prédio do Mappin conclui 16 horas, faltando 60 minutos para o horário marcado para o dateline, os (penso que) treze degraus do Theatro Municipal, local marcado no evento, já estão com espaços tomados. São jovens, alguns uniformizados, outros à paisana, mas todos ali concisos, conscientes que todos estão ali pelo “você-sabe-o-que”. Enquanto eu sento na escadaria, dois jovens atrás de mim mexem num cartaz laranja-mecânico. A garota abre um guache gigante preto, puxa um pincel e vai aos poucos.
Wesley e garota desconhecida. (Foto: Guilherme Lazaro Mendes)

Os guardas na porta pedem pra ver. Pedem pra ver a bolsa. Pedem para não sujar o piso recém-reformado. O engraçado é que o próprio guarda não demonstrava maldade.

E as faixas vão se estendendo no chão. Os guaches aumentando. As frases de ordem nascem aqui e ali. As pessoas já começam a se perguntar o que seria aquilo, pois afinal de contas quem não se conecta, neste caso, está alheio. As lojas das ruas adjacentes agora, às 16h25, já começam a descer as portas. O que causa estranheza aos passantes: será por causa daquilo ali? Ah, que se dane, vou ali dar uma olhada.

E quem olhou foi ficando. O movimento, liderado pelo até pouco tempo escuso “Movimento Passe Livre” perdeu o status de “estudantil esquerdista e desocupado” com a velocidade de um byte.

Gente que mora no aeroporto considera justo. Gente que mora em Moema e que estava lá também demonstrava simpatia. Porém o quarto ato agora conta com um agravante: Não são só as passagens que iram os rebeldes de Zion. É o fato do protesto não poder existir de maneira pacífica.
E então alguém diz “senta”. E quando todos se sentam, ele está lá de pé Plínio de Arruda Sampaio, 82 anos, com um megafone na mão, toma uma onda de aplausos. O velho lobo saiu de casa. Novamente os “baderneiros” são espertos: Alguém grita, todos repetem “jogral” e assim a comunicação prevalece entre todos. Seis e tanto agora. E Plínio, em cinco minutos, mais fez que muito socialista de redes sociais.
Plínio de Arruda, 82, não ficou no sofá. (Foto: Guilherme Lazaro Mendes) 

As bombas começam a explodir e todo mundo nada faz além de correr. Transeuntes correm, imprensa corre. Mas motoristas de ônibus apenas bocejam. Um caminhoneiro que eu interpelei, quando perguntei se estava com medo, deu um arrastado “naaaaaaaaaaaaada”. Os “baderneiros” agora não poupam esforços: voam pedras, e eu vi um rojão desses caseiros pipocar na horizontal, como que se tivesse sido apontado para a cara do policial.

O Mackenzie desce as portas. Quem entrou, entrou, quem não entrou que se prepare pois a polícia está atirando como que num modo random. Jornalistas da Folha acertados foram sete. Um deles, que estava com capacete de bicicleta e uma pose tão ameaçadora quanto a de um velho, cruzou minha frente com uma marca na cara. Desmoralizado e cabisbaixo, como quem foi humilhado em praça pública.

Eu, Erick, umas dez pessoas, uma senhora quase chorando em meus braços, dizendo que “só queria ir pra casa” – ela estava na porta do prédio quando a bomba veio. A todos nós – e a uma cativa audiência nos prédios – sobrou a missão de apenas encarar aquela rodela prateada, soltando uma incrível fumaça roxa.

Infelizmente, a minha missão foi abortada. Um dia de trabalho aliado a esta pequena epopeia já cobra seus preços. Agora é só ir embora. Mas por onde? Na porta do cemitério da Consolação, a umas quadras da estação Paulista, vejo bombas, bombas, bombas. Mais bombas. O foco era ali, na porta da estação, e eu iria ficar onde? Dormir ali? Nem pensar. O segredo é ir em direção oposta, e ir pra estação República, no centro da cidade.
Por fim, fica aqui o depoimento de um fotógrafo da Abril, que desde 1965 trabalha e, para meu desgosto, tem carteirinha de jornalista mesmo sem formação. “Eu tô feliz pois é agora que a casa vai cair. Haddad, Alckmin, todo mundo junto. Eu apoio”."


Por: Revista Friday
Email: contato@revistafriday.com.br

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