Foram cerca de 26 horas de
viagem dentro do sleeping bus. Mais uma vez, nosso ônibus não tinha banheiro e
os colchões cheiravam mal e eram muito desconfortáveis, as "camas"
pulavam e balançavam demais, era quase impossível dormir na posição "semi"
deitado em que nos encontrávamos. Porém, em dois pontos essa experiência foi
muito positiva, pois as paisagens que pudemos assistir pela janela, como o
oceano e as plantações de arroz do Vietnã, nos deixaram fascinados e se
passássemos por esse percurso de avião, perderíamos toda essa visão.
Não só no Vietnã, mas como
em toda a Ásia, plantações de arroz são comuns. Para se ter uma ideia, o Vietnã
é o terceiro maior exportador de arroz do mundo!
O outro ponto positivo foram
as pessoas que conhecemos durante a viagem. Três homens da Grécia fizeram a
nossa jornada mais divertida. Passamos boa parte do tempo conversando com eles
e demos boas risadas com as histórias que eles nos contaram sobre suas
aventuras pelo mundo. Eles também nos deram uma dica bem legal, e que nós não
esperávamos ouvir, uma churrascaria brasileira na cidade de Saigon, que era exatamente
o nosso próximo destino. Neste mesmo momento, incluimos um jantar neste lugar no
roteiro, afinal, passamos os últimos quinze dias praticamente na base da
culinária vietnamita. Nós precisávamos de arroz, feijão e um churrasquinho.
Quando finalmente chegamos,
pegamos um taxi para encontrar com a Thuy, a dona da home stay que reservamos
através do site www.airbnb.com. A distância que iríamos percorrer de taxi era
de aproximadamente 2 kilômetros e o motorista nos cobrou USD 5. Depois,
descobrimos conversando com a Thuy, que o valor não deveria ultrapassar USD 2!
Nos sentimos "roubados", mas é comum isso acontecer no Vietnã. Por
isso, fique atento ao taxímetro ou tente negociar o valor da corrida
antecipadamente, para não haver erros.
Ao chegar em nossa
acomodação, fomos recebidos com um kit de boas vindas, que continha produtos de
higiene, como shampoo e condicionador, além de uma listinha com indicações de
lugares para conhecer na cidade e restaurantes. A Thuy preparou um jantar para
a gente e depois nos levou para conhecer a vida noturna de Saigon. Nós fomos ao
Chill Skybar, que fica na cobertura de um dos prédios
mais altos de Saigon, onde foi possível ver a cidade inteira.
Apesar de toda pobreza que
encontramos no Vietnã, neste lugar, pudemos conhecer o oposto, muita ostentação.
Tudo no cardápio era muito caro, principalmente em comparação aos preços que
encontramos por todo o país. Nós gastávamos em média USD 3 por refeição e USD
0,50 em uma coca cola. Neste bar, um drink nos custou USD 15!
Saigon, na verdade é o
antigo nome da cidade, hoje seu nome oficial é Ho Chi Minh. Essa mudança se dá
devido aos conflitos etmológicos e políticos que o Vietnã sofreu. Saigon, no
entanto, é o nome mais conhecido no mundo, por conta do musical Miss Saigon,
que relata a história do romance entre um soldado americano e uma moça
vietnamita.
Ho Chi Minh é uma São Paulo
"dos olhos puxados". Ė a capital econômica e a maior cidade do país.
Lá pudemos encontrar muitas lojas de marcas, como Nike e Louis Vuitton. Uma
parte da cidade é um verdadeiro shopping a céu aberto. O que representou para
nós um grande contraste, comparado a tudo que vimos anteriormente no país.
Saigon também foi palco do
último conflito entre o Vietnã do Norte e o Sul, em 1975 e sediou o
"quartel general" das tropas americanas. Por conta disso, lá encontramos
o museu da guerra, que apesar de nos parecer um tanto quanto contraditório,
estava cheio de visitantes americanos!
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Estrutura dos túneis utilizados pelos vietcongues. |
Logo na entrada do museu,
vimos as aeronaves dos Estados Unidos que foram capturadas pelo Vietnã. Elas
ficam expostas para os visitantes. Na porta, havia um grupo de pessoas com
deficiência, a maioria não tinha alguns membros, como braços e pernas.
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Helicóptero utilizado para transportar tropas e armamentos americanos durante a guerra. |
Ao
andar pelo museu, entendemos o porquê. Essas são apenas algumas das sequelas
dos ataques com bombas químicas, de agente laranja, que o Vietnã sofreu, logo
após os EUA perceberem que não teriam mais chances de vencer a guerra.
E para vocês terem uma
ideia, até hoje não nasceram árvores em algumas das florestas do Vietnã e bebês
continuam nascendo com deficiências e problemas respiratórios.
Neste local pudemos sentir
um pouco do sofrimento da guerra, as fotos expostas ilustravam as torturas, os
rostos sofridos e a morte. Em um anexo ao museu, havia uma cela que reproduzia
o espaço em que ficavam os prisioneiros e alguns objetos utilizados para
tortura.
Tudo que vimos nos tocou
profundamente e nos fez refletir sobre como o homem pode fazer tantas
atrocidades. Depois desta experiência, visitamos um outro museu, que conta a
história política do país, parecido com a estrutura do nosso museu do Ipiranga,
e logo após, partimos para o Palácio da Reunificação.
Neste lugar, em 1975, um
tanque de guerra das tropas do Vietnã do Norte invadiu os portões do palácio, e
após esse incidente, ocorreu a reunificação dos povos do Vietnã, divididos
entre Norte e Sul. Este também foi, finalmente, o fim da guerra que durou 20
anos.
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Tanque vietcongue 843 invadindo os jardins do palácio no ato que significou a queda de Saigon, a vitória do norte e o fim da guerra. |
No final deste dia,
decidimos provar a churrascaria indicada por nossos amigos gregos, a SambaBrazil Steakhouse. Nós comemos muito mesmo!
Estávamos com tanta saudade de nossa culinária que exageramos, mas, sem
ressentimentos ou culpa! Nós precisávamos daquilo.
E ao amanhecer, fizemos as
malas novamente e nos despedimos de nossa anfitriã e deste país rico em garra,
bravura e força, para conhecer mais um pedacinho do mundo e mais uma cultura.
Mesmo com os imprevistos, nós conseguimos! Cruzamos o Vietnã em tempo de pegar
o nosso próximo voo.
Semana que vem nos
encontramos no Camboja! Até lá!
Por: Fernanda Mizzin e Marcus Farias
De: São Paulo
Email: planejamentow4b@gmail.com