
O protagonista dessa obra é o capitão John Yossarian,
um piloto americano de bombardeio, atuante em uma base militar dos EUA localizada
na ilha de Pianosa. Os homens desse esquadrão necessitam realizar um certo
número de missões aéreas para que sejam dispensados e possam voltar para casa.
Entretanto, o comando militar continua aumentando o número de missões de forma
que os pilotos nunca consigam completá-lo. Além disso, há o ardil-22, uma lei
militar autocontraditória que também faz com que os soldados continuem voando.
O Ardil afirma que a única maneira dos pilotos deixarem suas missões é pedindo
para abandoná-las, alegando insanidade. Porém, ao tomar essa decisão de não se
envolver em missões perigosas para proteger sua vida, o soldado está sendo
perfeitamente racional e dessa forma deve continuar voando.
Ardil-22 já se destaca logo de
cara por mostrar os soldados de uma maneira nunca antes vista. Os personagens
mostrados são retratos extremantes caricatos de figuras que se metem nas
situações mais absurdas. Não há herois de guerra que lutam por honra e por
ideais patrióticos, como sempre nos é mostrado em filmes e livros de guerra. Os
soldados são apenas seres humanos que não estão interessados em morrer por seu
país e nem por ninguém. O alto escalão militar é composto por sujeitos
incompetentes e sedentos de poder, cujas ordens são inúteis e levam milhares de
seus subordinados a morrer de maneira chocante pelos motivos mais
irrelevantes. Não é de se admirar que Yossarian faça de tudo para não voar. As
mortes de seus companheiros o chocaram muito e faz com que ele sinta que sua
própria morte está cada vez mais próxima.
O romance possui uma narrativa não linear
recheada de flashbacks mostrando a mesma situação através dos pontos de vista
dos mais diversos personagens, que vão ganhando mais detalhes com as
repetições. Joseph Heller trata a história dessa maneira para ilustrar o como a
guerra é algo absurdo, sem sentido e repetitivo. Essas características que são
ao mesmo tempo fantasiosas e tão próximas da realidade é que tornam esse livro
tão genial e chocante. A princípio a leitura pode parecer um pouco complicada,
mas ao longo do livro tudo se esclarece e o final faz tudo valer a pena. Contraditório,
crítico e até mesmo hilário (é possível dar boas gargalhadas com diversas partes
da obra), Ardil-22 demorou um pouco
para ser bem aceito entre o público mas até hoje é considerado um dos melhores
exemplares da literatura anti-belicista. Fez bastante sucesso entre os
manifestantes que protestavam contra a guerra do Vietnã carregando placa com os
dizeres “Yossarian Lives!”
Recomendação
pessoal: Em
1970, foi lançada a adaptação cinematográfica do livro, dirigida por Mike
Nichols. Devido a narrativa incomum, a equipe encontrou bastante dificuldade em
adaptar o livro perfeitamente, tendo que deixar muitas partes e personagens de
fora. O filme, porém, é divertidíssimo e ajuda ao leitor a visualizar de
maneira bem realista o que foi lido na obra. Além disso, o filme se tornou
famoso por reformar e resgatar diversas aeronaves B-25 Mitchell que estavam
praticamente desaparecidas e sucateadas. 15 dos 18 bombardeios ainda permanecem
intactos e após as filmagens foram doados ao Museu Smithsonian.
Título: Ardil-22 (Catch-22)
Autor: Joseph Heller
Editora:Bestbolso
Edição: 2010
Número de páginas: 560
Por: Virgínia Fróes
De: Natal-RN
Email: virginia@revistafriday.com.br
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