4 de outubro de 2013

#03: TUDO JUNTO – Egito: A primavera que ninguém contou

Ilustração: Fernando Braida

TUDOJUNTO é um projeto em parceria com a revista Friday que tem como objetivo mostrar o que há de comum e diferente no cotidiano de diversos lugares do mundo. 

A grande mídia não consegue relatar tudo que ocorre em torno do planeta. Muito menos como jovens de diferentes nacionalidades se portam diante de diversos assuntos. 

Neste primeiro episódio, confira a história de Tasnim Mahmoud, 19 anos, estudante Egípcia que nos conta a visão e aprendizagem de uma jovem em meio a revolução.



A revolução restaurou, ou pelo menos, ensinou a qualquer novo presidente
que venha  a governar, que nada nos fará parar”.

Eu, uma jovem do Egito, tinha a sensação de que não significava nada em um mundo cheio de adultos controladores de mentes. Sendo mais específica, não tinha liberdade de expressão, opinião ou reação.

Honestamente, depois da revolução, tudo se tornou diferente e hoje posso participar do desenvolvimento do meu país, falar e ter quem me ouvir e apoiar, além de receber e discutir opiniões. E não apenas isso. Posso engajar novos projetos envolvendo outros jovens, para que cresçam numa doutrina de expressar o que pensam sem medo, mesmo envolvendo temas como a política. Essa é a recompensa que nos faz sentir diferentes e especiais, por ajudar na formação dessa juventude, que já cresce com base de negociação e argumentação sobre as decisões tomadas por um governo ou instituição. Lembrando que não é o sistema que nos dá essa liberdade, mas nós, que tomamos atitude para trazer benefícios para a sociedade do Egito, e do mundo.

Estamos atingindo a base em todas as áreas. Muitos anos atrás, como egípcios, nós éramos fortes em todas as áreas e populares em todos os principais assuntos. Nada poderia nos parar. Mas recentemente (cerca de 30-40 anos atrás) cada conquista foi substituída por uma falha, a qual não teve sucesso nem fez história. 
As pessoas achavam que o Egito estava morrendo,  especialmente antes da revolução de  25 de janeiro, quando muitas almas egípcias se 'foram' na busca da liberdade. O mundo todo pensou que isso era só um jogo. Esse não é o ponto agora, como tudo era. Agora estamos pensando no futuro. As pessoas que morreram não morreram em vão.  A revolução restaurou, ou pelo menos ensinou a qualquer novo presidente que venha a governar, que nada nos fará parar. Estamos aqui, e fortes o suficiente para construir um Egito novo.

Finalmente estou orgulhosa de ser egípcia e orgulhosa da população do meu país. Os sonhos da juventude agora podem se realizar. Aprendemos como é bom ser jovem, como nossas ações se tornam, gradualmente, em realidade. Mas nem todos os fatos são bem aceitos por toda juventude egípcia. Alguns homens têm opiniões divergentes, alguns deles apoiam  o que aconteceu com o presidente Mohammed Morsy porque ele não havia feito nada para o Egito, entre outras razões também. Por outro lado, algumas pessoas acreditam que é um crime fazer tal coisa. 

As manifestações aconteceram por todo o Egito, e cada um lutou pelo o que acreditava. Talvez os objetivos não fossem os mesmos, mas em uma coisa todos concordam. O fato da agressão aos protestantes, somos todos egípcios e nisso estamos juntos. Algumas pessoas acreditam que os lados das manifestações ocultos estão interferindo nas negociações do Egito, mas o que nos dá certeza que o Egito é forte o suficiente para passar essa situação atual, é que sabemos que se não nos unirmos perderemos nosso amado país. Que nosso Deus nos proteja e nos mantenha seguros. Esses protestos não mostram onde o Egito está indo e nem determina quem somos. Mas, certamente deixa um legado na história e recria o futuro próspero, que tanto esperamos.


Por: Tasnim Mahmoud / Debora Komukai 
De: Egito


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