Terminei o ano devendo a você, leitor, uma receita de peru. Vou continuar devendo - a bem da verdade, eu nunca deveria ter prometido. É um segredo de família que foi passado pra mim sob juramento. Pra não ficar tão chato, vou dar uma dica que faz qualquer assado mais gostoso: regar de tempos em tempos. Não economizar na gordura também ajuda, e um bacon pode fazer milagres. Enfim, esse ano não quero dever nada pra ninguém (e assim começam as promessas e resoluções que não vou cumprir em 2014). Quero entrar com o pé direito, falando de um assunto bom, numa conversa daquelas que a gente fala, fala, não chega a conclusão alguma e tá tudo certo.
Se você acha que estou descrevendo um papo de mesa de bar, acertou.
Estou de mini-férias no Rio de Janeiro, e é daqui que lhes escrevo, enquanto tomo uma cerveja em combate ao calor (ou seria apenas resignação?). Olhando para a Baía de Guanabara, emoldurada pela Ponte Rio-Niterói, sento na mureta do Bar Urca para ver o pôr-do-sol. Brindo minha própria sorte.
Foram uns vinte minutos de fila para garantir a bebida, e em menos da metade do tempo a garrafa já estava vazia. Para acompanhar, empadinha de camarão e bolinho de bacalhau. Tem como pedir mais? Ah, me vê um caldinho de frutos do mar que disseram que é bom. De onde estou consigo ver uma garça, que paciente e sorrateira fisga um peixinho e garante o jantar.
Que tarde linda! E que dia quente. Bom mesmo pra isso: encontrar os amigos, espantar os pensamentos ruins, aplacar a sede e esquecer a pressa. Correr pra que, se nada é pra já? Os dias aqui passam feito canções do Vinicius, e eu, como encantada, quero ir de mesa em mesa provando tudo.
Descobri que em 2012 a prefeitura transformou 14 bares tradicionais em patrimônio cultural da cidade. Eles, segundo decreto assinado por Eduardo Paes, traduzem o "espírito" carioca de comemorar, reunir e festejar.
Um eu já conheci - será que em mais dois dias consigo ver tudo? Torçam por mim! E pra quem ficou curioso segue a lista:
1. Adega da Velha (década de 60) - Rua Paulo Barreto, 25 - Lojas A e B - Botafogo;
2. Adega Pérola (1957) - Rua Siqueira Campos, 138 - Loja A - Copacabana;
3. Armazém Cardosão - Rua Cardoso Junior, 312 - Laranjeiras;
4. Bar Adônis (1952) - Rua São Luiz Gonzaga, 2156 - Loja A - Benfica;
5. Bar Bip-bip (1968) - Rua Almirante Gonçalves, 50 - Loja D - Copacabana;
6. Bar e Restaurante Cervantes (1955/65) - Rua Prado Junior, 335 - Loja B - Copacabana;
7. Café e Bar Brotinho (Bar da Dona Maria) (década de 50) - Rua Garibaldi, 13 - Tijuca;
8. Café e Bar Lisbela (Bar da Amendoeira) (década de 50) - Rua Conde de Azambuja, 881 - Maria da Graça;
9. Café e Bar Pavão Azul (1957) - Rua Hilário de Gouveia, 71 - Loja X - Copacabana;
10. Casa da Cachaça (1960) - Avenida Mem de Sá, 110 - Lapa;
11. Casa Villarino (1953) - Avenida Calógeras, 6 - Loja B - Centro;
12. Restaurante Salete (1957) - Rua Afonso Pena, 189 - Loja X - Tijuca;
13. Bar e Restaurante Jobi (1956) - Avenida Ataulfo de Paiva, 1166 - Leblon;
14. Bar e Restaurante Urca (1939) - Rua Candido Gaffrée, 205 - Urca.
E aí, conhecem algum deles?
Cariocas, quais outros vocês recomendam?
Por: Bianca Chaer
De: São Paulo - SP
Email: bianca.chaer@gmail.com