Em meio ao caos urbano vivido pelas grandes metrópoles, sobretudo na cidade de São Paulo, pessoas tem feito a diferença para garantir uma alimentação mais saudável, aproveitando de áreas públicas e terrenos privados. São as hortas urbanas ou hortas comunitárias que cada vez mais tem mudado o cenário cinzento da capital paulista.
Criada na maioria das vezes de grupos pela internet e/ou apoiado por ONGs a iniciativa tem se mostrado muito eficaz. Na cidade de São Paulo, terrenos abandonados, praças e até terraços são utilizados como hortas comunitárias.
Uma das hortas mais bem organizadas é a horta das Corujas, que ocupa uma área de cerca de 800m² da Praça Dolores Ibarrui, na Vila Beatriz. Cercada por árvores e ficando de certa forma isolada da urbanização, a horta é um exemplo de cooperação. Nela, há regras de plantio, mas tudo é livre, pode-se plantar o que for de agrado e qualquer pessoa, independentemente de ter colaborado com o cultivo, pode fazer a colheita, desde que o que se procura esteja maduro, sem limites de quantidade.
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Horta das Corujas,
que ocupa uma área de cerca de 800m² da Praça Dolores Ibarrui.
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A horta BNH, na Vila Madalena, funciona de forma oposta ao exemplo acima, pois a área para plantio fica a poucos metros do asfalto em uma região de grande movimento, o cultivo é feito de forma espalhada, tendo vários pontos diferente de plantio. Não há proteção de grades ou cercados, o que acaba permitindo que animais possam circular pelo terreno. Isto também acontece com a horta da Nascente, na Pompeia, e a horta do Ciclista, na Praça do Ciclista.
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Horta do Ciclista na Avenida Paulista em SP. |
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Horta na Vila
Pompeia.
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Com a crescente urbanização torna-se um problema a destinação de terrenos com espaço aberto para hortas urbanas, mas há uma solução, de certa forma bem simples: o telhado. O exemplo também de São Paulo é o Shopping Eldorado, que disponibilizou 1000m² do seu telhado para o plantio de diversas espécies, como alfaces, quiabos, camomila, tomates, entre outros. Para compostagem, são aproveitados 600 kg de resíduos orgânicos oriundos da praça de alimentação e da poda dos jardins do shopping.
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Horta no terraço do
Shopping Eldorado.
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O que é produzido pelas hortas, ainda não possui uma escala para abastecimento da população, tendo mais um cunho ambiental e educacional. Para garantir que a produção alcance escalas produtivas necessárias é preciso do apoio do governo e incentivos como a isenção de impostos em terrenos privativos e a doação de mudas nas estufas municipais, são alguns exemplos. Dois modelos internacionais são referencia para esta questão, é o caso de Havana (Cuba) e São Francisco (EUA).
Em Havana, com o fim da União Soviética, nos anos 90, houve um colapso na distribuição de alimentos, já que vinha de lá a maior parte dos alimentos do país, além dos outros suprimentos agrícolas. Para suprir essa necessidade os moradores, então, ocuparam terraços, terrenos abandonados e pátios para plantarem alimentos como tomates, bananas, feijões, entre outros. O governo ao invés de coibir a prática incentivou, criando inclusive o Departamento de Agricultura Urbana, que treinou agentes municipais para auxiliar na manutenção das hortas e criou pontos de distribuição de sementes e vendas de alimentos.
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Hortas urbanas
incentivadas pelo governo de Cuba.
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Em São Francisco a prefeitura alterou o regulamento municipal de zoneamento, que passou a permitir plantações e cultivos em áreas urbanas. Além disso, os resíduos orgânicos gerados no município são destinados ao sistema de compostagem municipal, criado pelo município, e servem de insumo para as produção nas hortas públicas.
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Horta em terraço,
São Francisco (EUA).
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As hortas urbanas, sem sombra de dúvidas, se mostram de grande importância e as vantagens não são poucas; elas contribuem com a estabilidade do clima, atenuando ilhas de calor; são fontes de alimentação ainda mais saudáveis, por serem 100% orgânicas, ou seja, sem aditivos e pesticidas químicos; possuem o custo muito baixo para manutenção; impermeabilizam o fraco solo urbano contra chuvas; reduzem a emissão dos gases do efeito estufa, já que não há transporte motorizado do alimento envolvido; contribuem para disposição do resíduo orgânico; alternativa de lazer e terapia; em cima telhados, controlam a temperatura interna de ambientes, evitando custos com ar-condicionado; reduz a poluição visual; serve de local para ensinamento e prática da educação ambiental.
E você, já está pensando em fazer uma horta no terraço do seu prédio ou no cantinho de casa? Aí vão 5 dicas essenciais para quem quer colocar a mão na horta. A ilustração fica por conta do Fernando Braida.
(Clique para ampliar)
Por: Marcel da Silva
De: Blumenau - Santa Catarina
Email: marcel@revistafriday.com.br
Ilustração: Fernando Braida
Ilustração: Fernando Braida
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