
Who’s Next_The Who
Gravadora: Decca /
Polydor
Lançamento:
2 de agosto de 1971
Nota: 9.7 /
10
Todo mundo tem aquela música
que serve, em último caso, pra pirar. Pra chamar de sua falar que ela é ímpar.
Em 1971, no ápice do rock, o The Who tinha tantas músicas geniais – qualquer rádio
de rock toca My Generation há 49 anos – mas faltava aquela obra que
deixaria todo mundo com dúvidas: seriam os quatro rapazes de Londres aliens e
trazido o Who’s Next do futuro?
Porque, quase certeza, 1971 era cedo demais pra existir uma coisa dessas.
* * *
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Você conhece o The Who por causa disso... |
Mesmo com o
álbum do ano, a situação não era a mais favorável pra banda naquela época. Na
verdade, o disco saiu debaixo de uma das piores vibes já vistas, onde as brigas se sobrepõem às drogas como uma
colcha.
Foi assim: como vocalista, o “cachinhos de ouro” Roger Daltrey nunca se deu bem com o guitarrista-mentor-dono-da-banda Pete Townshend, o mais famoso quebrador de guitarras da era moderna. A banda tinha todos os louros após produzir o megassucesso Tommy, uma rock-opera onde um garotinho fica surdo, cego e mudo. A banda tirou umas férias e nesse tempo o guitarrista emendou um projeto semelhante, chamado Lifehouse, que acabou afundando meses depois, com Pete tendo uma crise nervosa graças às drogas e tentando cometer suicídio.
Foi assim: como vocalista, o “cachinhos de ouro” Roger Daltrey nunca se deu bem com o guitarrista-mentor-dono-da-banda Pete Townshend, o mais famoso quebrador de guitarras da era moderna. A banda tinha todos os louros após produzir o megassucesso Tommy, uma rock-opera onde um garotinho fica surdo, cego e mudo. A banda tirou umas férias e nesse tempo o guitarrista emendou um projeto semelhante, chamado Lifehouse, que acabou afundando meses depois, com Pete tendo uma crise nervosa graças às drogas e tentando cometer suicídio.
Quando os
quatro voltaram ao estúdio, algumas ideias do Lifehouse foram trazidas de
volta. E aqui a magia começa. A principal ideia era – vejam só vocês- transformar dados pessoais dos
integrantes em padrões para serem tocados em sintetizadores. Nunca se soube se
a coisa dos dados deu certo. Mas o disco abre com uma das mais simbólicas
canções de rock: Baba O’Riley tem um solinho desse mesmo teclado, ora complexo, ora
discreto, acompanhado de uma letra rebelde e uma parte final que mistura solo
de guitarra, um solo de violino a bateria imprevisível característica dos britânicos (lembremos
que é Keith Moon, o maior de todos os tempos, quem está com as baquetas). A
música, pra quem é fã de séries, abre o CSI:Nova York.
Por falar em
bateria, não é segredo pra quem conhece de rock que o The Who possui a melhor
cozinha (baterista e baixista) do rock. Para os companheiros de instrumento, o baterista
Keith Moon e o baixista John Entwistle são os melhores de todos os tempos.
Entwistle, sempre reconhecido pelo seu comportamento estático e estranhamente tranquilo no
palco (o que lhe deu o apelido “The Ox”, ou “O boi”) finalmente botou as asas
pra fora nesse álbum. Quem presta atenção na linha de baixo vê praticamente um
solo alheio às canções, uma canção dentro da canção. Outro destaque é o
baixista cantando a cômica letra de My Wife.
O álbum passa entre às canções acústicas de LoveAin’t for Keeping e o hard rock de TheSong is Over e Getting in Tune.
As duas canções que fecham o disco original (a versão abaixo, de 1995, contém
uns extras) são duas das principais canções que a banda tem até hoje e que dão
fama de "Disco de música de vanguarda" ao álbum. A primeira, Behind Blue Eyes, parece ser uma música calma, com um arpejo de violão, uma canção
própria pra ser tocada em família. Quando acaba o refrão, vem a tempestade:
todos os instrumentos parecem estar crus, como que se a música foi gravada num take só, como uma verdadeira banda de
garagem. O Limp Bizkit, pra quem é da geração “anos 2000”, gravou um cover horrível dela.
E a canção
final, até hoje, figura no top 10 de muito especialista de rock por aí: Won’t Get Fooled Again é um épico, de
oito minutos e meio, com solos de guitarra, a melhor linha de baixo já feita por John Entwistle, e passagens incríveis, sempre guiada por um enigmático
sintetizador. Na parte final, a calmaria quebrada por um solo de bateria e uma
entrada triunfal de power chords é,
na minha humilde opinião, o resumo do que é o rock.
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Ou por isso mesmo... |
O álbum conquistou
os críticos – vários deram cinco estrelas ou A+. A Rolling Stone elegeu-o como
o 28º melhor de todos os tempos, a VH1 como o 13º e a magazine americana TIME colocou uma menção
nos seus 100 principais. A banda segue até hoje, com outros álbuns de boa
vendagem e crítica, mas nada sem chegar aos pés deste. Em 2006 foi lançado o
último álbum da banda, Endless Wire,
já sem John (morto em 2000) e Keith (falecido em 1978). 49 anos depois do primeiro álbum, a banda segue em turnê atualmente.
Depois de
uma crise depressiva, a redenção. Um álbum primorosamente produzido, que não
tinha a cara dos anos 60 – mais som e menos produção – e também usava coisas
que ninguém imaginava ser possível nos anos 70 (peraí, dados pessoais num sintetizador?
Som vindo de um teclado ligado a pedais de eco? WHAT?). No fim das contas, uma
produção de vanguarda. No fim do disco, quando os instrumentos baixam a bola,
parece mesmo que uma nave trouxe tal dádiva de alguma civilização muito, muito
distante...
Enjoy it.
Enjoy it.
Por: Guilherme Mendes
De: Carapicuíba - SP
Email: guilherme@revistafriday.com
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