#05: Visibilidade Trans

Confira na capa do mês de fevereiro da Revista Friday, uma entrevista sobre os desafios de uma pessoa trans, com a ativista LGBT Rebecka de França.

INTERNET: Mudanças, tecnologia e Google+

Confira algumas mudanças que o google+ realizou para agradar os usuários.

Conexão Canadá: Vancity- The Journey begins

Camila Trama nos conta um pouco de seu intercâmbio em alguns lugares do Canadá.

CINEMA: Sassy Pants

Rebeldia, insatisfação e as paixões fazem parte do cotidiano de todos os adolescentes, confira a resenha do filme Sassy Pants.

VITRINE: O universo feminino de Isadora Almeida

Inspirada por ilustrações de moda, estamparia e coisas que vê por aí, conheça o trabalho da ilustradora mineira Isadora Almeida.

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18 de fevereiro de 2014

NSFMPCA #30 - Polainas, laquê e uma guitarra d'outro mundo




Purple Rain_Prince and the Revolution

Data de Lançamento:25 de junho de 1984
Gravadora: Warner Bros.
Nota: 8,5 / 10




                Tem certas coisas que a gente gosta muito, mas não consegue simplesmente explicar o porquê de tanto amor. Muita gente sofre assim com lasanha e eu com aqueles Frooty Loops extremamente viciantes. Com música então, fica difícil. Mas o caso mais icônico é o de eu ser um fã do Prince. Eu falo para alguns amigos que gosto dele, mas nem eu mesmo sei a razão de que, se eu pudesse, usaria uma camisa com a foto deste ser na rua na rua.


Capa de seu segundo álbum, em 1979. Ele nunca bateu bem mesmo...

 
    Prince Rogers Nelson. Esse cara tem história – demais – pra contar.

                Aos 55 anos, ele já foi um ícone da disco, do pop, do rock. Nunca teve a fama de ser uma pessoa sociável – como cantor e produtor, era um workaholic que permitia poucas intromissões em seu trabalho. Tem uma vida pessoal obscura que conta com um mar de celebridades entre seus affairs. Depois de uns belos 15 anos no auge da carreira, se converteu a um Testemunha de Jeová, inclusive recebendo porta na cara em sua cidade natal, Minneapolis. Apesar da enigmática figura que é o seu logo (uma mistura dos símbolos masculino e feminino), ele sempre está cercado de belíssimas mulheres no palco.

                Só deu um azar na vida: é um mês mais novo que um certo Michael Jackson, que fez sombra à quase toda a sua carreira. Mas isso não significa que Prince deixou de dar seus pulinhos.

                E aí chegamos em Purple Rain.

                O que pode ter em especial como um disco como esse é a sua exímia produção comandada pelo cantor – como na grande maioria dos seu álbuns, ele é responsável pela composição de TODAS as letras e da gravação de TODOS os instrumentos. Na faixa de abertura, Let’s go Crazy, ouvem-se diversos instrumentos assinados por ele: uma bateria em ritmo de funk metal, um sintetizador que às vezes é bastante irritante, e uma guitarra que você simplesmente não quer acreditar como é possível – pouca gente sabe, mas Prince também é listado como um dos 20 maiores guitarristas de todos os tempos.

                Vale a pena escutar os grandes singles deste álbum, feito para o filme de mesmo nome cuja estrela é o próprio cantor. Além de Let’s Go..., When Doves Cry e I would die 4 U são exemplos de como a música de Prince é quase sempre uma nuvem, que transita entre o comercial (de música pra rádio) e o conceitual – como a faixa-final que deu fama eterna ao baixinho de Minneapolis.


              
             Até hoje eu sinto sinceros arrepios ouvindo Purple Rain, e não são necessárias muitas razões. Na versão de estúdio são mais de oito minutos de canção em uma balada arrastada, uma voz extremamente melosa que deve ter embalado 95% dos casais ao redor do mundo há 30 anos atrás. Como a especialidade de Prince é a guitarra mesmo, a parte final é um solo de magnífico, o melhor de sua carreira.

Apesar do cantor sumir no começo da década de 2000, ele retornou em grande estilo, ainda com a mão nervosa em sua Fender Telecaster, e protagonizando shows épicos – em 2007, ele cantou no intervalo do Super Bowl, cantando Foo Fighters e Bob Dylan. Hoje ele excursiona como convidado em uma banda que ajuda a produzir, a 3RDEYEGIRL, composta por três habilidosíssimas (e por um acaso belíssimas) damas. Como Prince mandou tirar quase todos os seus vídeos do YouTube, pouco sobrou além de uma das mais recentes canções da banda, "Fixurlifeup" (algo como "fix your life up").

Na noite do dia 4 deste mês ele apresentou o seu mais novo álbum, Plectrum electrum. Como manda o enigmatismo de Prince, o show foi em uma arena de Londres, destinado a 300 felizardos.

E ele continua ali, ainda o mesmo, como um dos mais underrated de sua época. Ainda cantando, ainda sendo o “mandão” em cima do palco. Mas mandando excelentemente bem.





Por: Guilherme Mendes
De: Carapicuíba - SP
Email: g.lazaro@outlook.com

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12 de novembro de 2013

Não se fazem mais passados como antigamente #23 - Teclado: amigo ou inimigo?

             Pete Townshend, o guitarrista do The Who, canta num refrão de uma velha canção dos anos 70: Long Live Rock. Uma frase antes, ele lembra: Rock is dead they say. Sim, o “eles” – eu, você, seu tio metaleiro – garantem que o bom e velho rock morreu, foi enterrado – e, em certas oportunidades, se contorce no túmulo. Culpados a gente sempre traça no velório. E todo mundo sempre cita um dos mesmos nomes: o maldito sintetizador.


Retrato falado do provável assassino
                Maldito? Bem, essa questão é polêmica. Nunca existe um lado só da história.
                Realmente, o marco do fim da grande era chamada "rock" é o início do crescimento dos sintetizadores. Até 1978 as bandas eram baixo, bateria, guitarra e vocal e, depois disso (e com a entrada dos primeiros tecladistas nas bandas) o uso desse instrumento parecia levar alguns dos grandes músicos a um lado mais preguiçoso e muito, mas muito menos criativo. O Queen, em seus primeiros discos, trazia um selo no encarte em que dizia No Sytnethizers. No álbum The Game, de 1980, a frase é : “esse álbum inclui a primeira aparição de um sintetizador (um Oberheim OBX) num disco do Queen”. Coincidência ou não, foi a partir daí que a banda engatou numa ascendente negativa, com alguns dos piores discos dos anos 80, tais como o Hot Space e a trilha do filme Flash Gordon.
                O The Police, que falamos no post passado, era uma das mais influentes bandas de reggae rock e mantinha-se como uma das novas gerações do rock na nova década. Porém, após o uso do primeiro sintetizador no disco Ghost in the Machine, a banda entrou em uma espiral estranha, onde o guitarrista Andy Sumers ia sumindo e o fenomenal baterista Stewart Copeland sumia em batidas cada vez mais simples. A banda se separou em pouco tempo.
                O Van Halen sofreu um pouco com isso. O The Who resolveu colocar um holofote no seu tecladista no álbum It’s hard, em 1982 – e só conseguiu lançar algo de novo em 2006. A lista é longa, e grandes bandas decaíram ou começaram a conhecer seu fim quando enfiaram um Moog ou um órgão Hammond nas suas composições.
               
*
Jon Lord: os tecladistas também amam

                Bendito? Sim, os teclados também são a marca de algumas das maiores bandas a passar pela Terra.
                Os fab four de Cambridge, mais conhecidos como Pink Floyd, foram quem talvez administraram melhor essa ideia: o tecladista Richard Wright é considerado um dos dos melhores de todos os tempos e autor de obras inimagináveis com seu telcado – Sysyphus, de 1969, é uma das mais vanguardistas peças com o instrumento. Ainda no reino do progressivo, Keith Emerson (da Emerson, Lake and Palmer) e Rick Wakeman, famoso pela sua passagem pelo Yes, são lembrados como magos das teclas.
                Geddy Lee ainda impressiona quem assiste o Rush: costuma tocar baixo, cantar e ainda tocar teclado – só ver ele durante Subdivisions (ou qualquer outra canção) e você vai entender. Porém a modesta opinião que traça essas linhas considera que nenhum deles possa engraxar os sapatos de Jon Lord. Se podemos falar de uma ponta morta pelo teclado, falemos dele na outra onde ele conseguia ser lembrado e idolatrado – sem fazer solos de guitarra ou vocais gritados. Durante os shows de sua banda, a Deep Purple, ele ficava quase sempre no canto esquerdo do baterista, sem chamar muita atenção, acompanhando o ritmo da banda. Quando o espaço se abria, ele acabava propondo solos e releituras de canções que são melhores que os solos de guitarra da própria banda. Ele saiu da banda em 2002, mas em seu lugar entrou Don Airey, que já tinha trabalhado com Ozzy e criado a abertura de Crazy Train.

*

                Morto ou vivo, a entrada do teclado mostrou a certas bandas que o negócio delas era o mercado pedisse novas sonoridades, talvez aquela não fosse a praia deles. E foi isso o que aconteceu: um número grande de bandas ou morreu na década de 80 ou entrou em um grande hiato. Mas talvez sem o teclado e os novos ritmos mais eletrônicos, não teríamos bandas como Radiohead, Muse e outros arrasa-quarteirões por aí.
                Hoje em dia o culto ao solo de guitarra e às composições mais clássicas vêm crescendo –e com isso, bandas como o Van Halen e o Black Sabbath voltam à ativa. Coincidência? Apenas o próximo riff poderá dizer.

                (P.S.: a canção Lazy,do Deep Purple, graças a alguns votos que colhi com o tempo, é o chamado “solo de teclado definitivo”. A capacidade de improvisação de Jon Lor - que faleceu ano passado- torna um simples blues uma obra que normalmente passa os dez minutos. Concordem ou não, lá vai uma pequena amostra pra vocês.)




Por: Guilherme Mendes
De: Carapicuíba - SP
Email: g.lazaro@outlook.com

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29 de outubro de 2013

Não se fazem mais passados como antigamente #22 – Caso de polícia (DOSSIÊ)

                Algumas bandas de rock podem ser comparadas à palitos de fósforo. Vejam só vocês o Rolling Stones, 51 anos e meio queimando. Aerosmith é um fósforo vermelhinho americano, queimando à base de cocaína e narcóticos desde 1969. Teve banda de rock que queimava feito louca mas quando o vocalista morreu ela apagou – a esse caso pode –se falar do Doors, do Queen ou mesmo do Nirvana.
                Agora, convenhamos: nenhum desses “fósforos” queimou tão rápido e tão bem quanto o The Police. Em cinco anos a banda nasce, morreu e deixou uma legião de fãs com o babador no queixo.

*
Em 1978: Stewart, Sting, Andy (Reprodução)

                Deve ter sido dificílimo o ano de 1978. Imagina você o petróleo ainda explodindo de preço. Imagina a ditadura na América Latina toda. Pior de tudo: IMAGINA O PUNK ROCK!  Numa época onde Johnny Rotten e banda sacudiam o mundo com uma variante engraçada de anarquismo (que incluía um empresário capitalista mão-de-ferro, Malcolm McLaren, por trás), numa época onde se tocar músicas gritas e rápidas com dois ou três acordes era a inovação do século, nos subúrbios de Londres pequenas bandas ainda mostravam o poder de uma composição mais bonita.
                Entre elas, uma banda com a formação mais variada possível: o baterista, Stewart Copeland, era um americano filho de um ex-espião da CIA e uma ex-espiã inglesa (daí provavelmente o nome da banda).  O guitarrista, Andy Summers, oito anos mais velho que todo mundo na banda, já tinha tocado algum tempo com Eric Burdon &The Animals. E o baixista, um loiro de apelido Sting, era filho de um leiteiro e uma cabeleireira. A cara da banda de garagem – e a alma também, já que o primeiro single da banda nasceu com um orçamento de 150 libras.









Gravadora: A&M Records

Lançamento: 2 de novembro de 1978

Nota: 9,5 / 10




                Após assinar um contrato com a gravadora A&M e se livrar do guitarrista Henry Padovani, a banda seguiu para um pequeno estúdio nos arredoes de Londres e concebeu o primeiro álbum, o Outlandos D’Amour. As canções são cruas, com muito pouco tratamento – marca das novas bandas de rock da época- mas extremamente variadas. Há o rock descompromissado da elegante abertura Next to You; ou o reggae de Can’t Stand Losing You e da final So Lonely.  O álbum não fez  sucesso na época do lançamento (meses depois ele engararia nas paradas americana e britânica), mas o que seria do rock sem o toque de veludo de Roxanne, que questiona um tema tão pesado numa melodia tão mas tão mas tãããããããããããão linda?






Gravadora: A&M Records


Lançamento: 5 de outubro de 1979
Nota: 8,5 / 10




                A banda seguiu a carreira baseada em uma fusão de pop, rock e reggae. E também seguiu com a tradição de nomes difíceis nos álbuns. O segundo, ironicamente cunhado Regatta de Blanc (ou “reggae de branco”, como eles eram chamados), tem uma produção melhor, uma direção melhor. A banda perde o medo que normalmente existe na produção do primeiro álbum e busca umas texturas aqui e ali, alguma coisa mais caprichada. E, pela primeira vez, a banda do loiro dos baixos alcançou o primeiro lugar nas paradas.
O punk definhava pelos cantos, dando espaço aos novos ritmos mais soturnos como o gótico e o pop da Joy Division (a.k.a. “melhor banda de tumblr rock”). E, estranhamente, o rock voltava a tomar um rumo ascendente – Bruce Springsteen virava o chefe na América e o Queen se consolidava na Europa. E o Police, transitando entre esses dois continentes, com uma canção sobre solidão, sobre alguém ler sua história – enfim, sobre uma mensagem na garrafa. O sucesso foi imediato na Inglaterra (número 1) e Austrália. Outra canção de destaque no álbum é a mezzo britânica mezzo jamaicana “Walking on the Moon”.






Gravadora: A&M Records

Lançamento: 3 de outubro de 1980
Nota: 9 / 10



O terceiro filho, Zenyattà Mondatta, é o último a vir com nomes sem sentido. Mas a qualidade musical colocou o Police entre as maiores do seu tempo –e a deixa lá até hoje.  O som começa a ter mais cara de rock e menos do ritmo jamaicano que permeava os primeiros trabalhos. Ícones musicais dos anos 80 como Don’t Stand So Close To Me (cujo refrão viraria a introdução de outro hino dos anos 80, Money for Nothing, dos Dire Straits) e a chiclete De Do DoDo, De Da Da Da tornaram o Zenyattà um sucesso de crítica e venda (2x platina nos EUA), quando as canções de rock tendiama ser mais curtas, de tiro rápido, sem os solos e jams de bandas dos anos 70 (Nesse mesmo ano, o Yes se afundava numa crise existencial com um álbum, de nome Drama, que parecia vir do passado. E a faixa de abertura tinha dez minutos e meio. O álbum seguinte, já com a cara dos anos 80, estourou em vendas graças a músicas com riffs chicletes como essa).
E o fósforo continua a queimar. Forte, com uma chama altíssima.

Então a banda vai para o quarto trabalho em quarto anos. Entre produção, lançamento e turnês, deve ter havido pouquíssimo tempo de férias. Se você já se cansa de encontrar alguns companheiros de trabalho de segunda a sexta, imagina competir em egos – e alguns beijos de fãs – com dois amigos seus por anos a fio? Óbvio, essa bomba ia estourar – mas não agora.






Gravadora: A&M Records
Lançamento: 2 de outubro de 1981
Nota: 7 / 10





Lançando o quarto álbum no aniversário de três ano do primeiro, agora o The Police era uma banda completamente dentro dos anos 80. Tanto que a capa do Ghost in the Machine era um exemplo máximo da tecnologia da época: três displays de números com uma breve caricatura dos membros da banda – Sting é o do meio, com o cabelo espetado. Pela primeira vez a banda usa o sintetizador de maneira mais pesada, rompendo os laços com o reggae quase definitivamente.
O que não significa que seja ruim. O grande single do álbum, Every Little thing she does is magic, é bastante ritmada, com um grande desempenho de Stewart Copeland e, devido ao uso demasiado de tecladinhos, quase não se ouve a guitarra de Andy Summers. Por isso que Ghost foi o primeiro álbum a contar com os constantes desentendimentos entre o trio.
Mesmo assim, como um fósforo desses persistentes, eles seguiram. O ano de 1982 foi o primeiro a não contar com álbuns da banda, mas em 1983 a banda chegou com uma caixa com tantos sucessos que pagava 1982 com juros. Parecia que, novamente, Sting, Copeland e Summers entraram em sincronia novamente.







Gravadora: A&M Records
Lançamento: 1º de junho de 1983
Nota: 9 / 10




Usando o teclado como um quarto membro da banda, o grupo voou em novas texturas, ritmos mais acelerados e letras –ainda- mais voltadas pra rádios. Synchronicity era tão meloso que todos nós até hoje não tiramos da cabeça a letra de Every Breath You Take, primeiro single do disco. Se você, como eu, é um stalker, pode até se identificar com a letra.
Outro elemento que dá uma graça extra ao disco é o xilofone tocado por Copeland. Canções como a clássica King of Pain e a faixa-título, dividida em duas partes, geraram clipes, três Grammy e um mar de dinheiro tão grande que não parou de jorrar até hoje.
Mas, durante a turnê, a ferida causada pelos desentendimentos entre os três não sarava. E crescia, inflamava. E chegou ao ponto crítico: após o show de encerramento da turnê do último trabalho, em março de 1984, a banda se dissolveu por um tempo, buscando projetos solos. Depois do concerto final em Melbourne, Austrália, eles nunca mais entrariam em um estúdio novamente.


*

A banda rachou-se e cada um foi pro seu lado, cada um fazendo sua carreira solo decolar. Sting foi aturar em filmes e seguir cantando musiquinhas melosas –  (If you love somebody) Set Them Free é uma delas; Copeland gravou trilhas sonoras para filmes e inclusive chegou a lançar trabalhos com nomes falsos. Andy Summers gravou o estranhíssimo I Advanced Masked com outra lenda da guitarra: Robert Fripp, líder dos King Crimson.


*

Em 2008, na mesma ordem da primeira foto (Reprodução)

E assim o fósforo se apagou. Em 5 anos, queimou como poucos. As tentativas de reunião foram aos montes: em 1986 eles se juntaram para um show da Anistia Internacional e inclusive tentando gravar algumas músicas novas. Mas o baterista sofreu um acidente jogando polo e o máximo que conseguiram foi regravar a canção Don’t Stand so Close to Me, do Zenyattà. Em 2003 a banda foi indicada ao Hall da Fama do Rock and Roll, e tocou apenas três músicas (aqui a sexy versão de Roxanne). Em 2007 a surpresa: a banda resolve sair em turnê – inclusive num histórico show pra mais de 75 mil pessoas no Maracanã.
Aí todos os fãs deram os braços, fecharam os olhos e falara: Agora vai.
Mas depois do fim da turnê, num show em Nova York numa quinta-feira de Agosto de 2008, Stewart Copeland foi seco: a banda nunca mais subirá aos palcos novamente.1
            Mas, pelos 5 anos de carreira, 25 anos de legado e pelos cinco minutos dessa música que nunca vai sair de nossas cabeças, talvez tenha valido a pena. Muito.





Por: Guilherme Mendes
De: Carapicuíba - SP
Email:g.lazaro@outlook.com

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3 de outubro de 2013

Eu Acho que já Ouvi!#4- Don't Worry be Happy de Bobby McFerrin

A "musica boa" é um termo popularmente usado para expressar a qualidade de um som. Os nossos ouvidos muito tem a agradecer pelo alento. Para ilustrar, dos cinco sentidos a audição é o primeiro a desenvolver-se no feto e o que permite o primeiro contato com o mundo. Contudo, essa sensibilidade pode ser equiparada ao nosso coração. Ao caminhar por ai cantarolamos, criando sons diferentes para imitar instrumentos musicais, assobios e batucadas na mesa de trabalho. Isso é arte! Voilà...
Exemplo os Beat Box que apenas com a vibração vocal reproduzem fielmente sons de instrumentos que vão desde metais a cordas e percussões.
  


Agora dá para imaginar um artista que transforma sua única voz em duetos ou trio?
É possível para Bobby Mc Ferrin, que nasceu no dia 11 de março de 1950 em New York. Esse cantor possui a habilidade de produzir sons rítmicos enquanto inala o ar para fazer os seus vocais em de grande criatividade. É filho de cantores de opera e a sua sina foi seguir esse mesmo caminho trabalhando como instrumentista, simulando diversas sonoridades.
Em 1988, McFerrin teve um grande sucesso com "Don't Worry, Be Happy" e ele ficou sem jeito com seu inesperado" boom" comercial, ganhando até o Grammy por ser um artista intrínseco. 

Essa canção retrata de uma forma simples, que a vida não deve ser encarada tão duramente. Ele aponta em cada estrofe situações do cotidiano que causa aborrecimentos e preocupações. É uma canção amiga que te faz pensar.  A tradução literal do titulo é " Não se preocupe, seja feliz". 
Fiquem agora com o vídeo e letra desse grande sucesso:




Don't Worry Be Happy


Here's a little song I wrote

You might want to sing it note for note

Don't worry, be happy



In every life we have some trouble

But when you worry you make it double

Don't worry, be happy



Don't worry, be happy now

Oo, ooo...



Don't worry, be happy(4x)

Oo, ooo...



Ain't got no place to lay your head

Somebody came and took your bed

Don't worry, be happy



The land-lord say your rent is late

He may have to litigate

Don't worry, be happy



Look at me, I'm happy



Don't worry........ be happy



let me give you my phone number

when you worry, call me I will make you happy



Don't worry...... be happy



Ain't got no cash, ain't got no style

Ain't got no girl to make you smile

Don't worry, be happy



'Cause when you worry your face will frown

And that will bring everybody down

So don't worry, be happy



Don't worry, be happy now

Oo, ooo...



Don't worry, be happy (4X)

Oo, ooo...



Don't worry, don't worry, don't do it, be happy

Let the smile on your face

Don't bring everybody down like this



Don't worry, people will soon pass

what ever it is



Don't worry, be happy



I am not worried, "I am happy"




Não Se Preocupe, Seja Feliz

(Tradução)


Aqui está uma pequena canção que escrevi

Você pode cantá-la nota por nota

Não se preocupe, seja feliz



Em toda vida existem problemas

Mas enquanto se preocupa você os duplica

Não se preocupe, seja feliz



Não se preocupe, seja feliz agora

Oo, ooo...



Não se preocupe, seja feliz

Não se preocupe, seja feliz



Não tem um lugar para deitar a sua cabeça

Alguém levou a sua cama

Não se preocupe,seja feliz



Seu senhorio diz que o aluguel atrasou

Ele terá que questionar em juízo

Não se preocupe, seja feliz



Olhe para mim, Eu sou feliz



Não se preocupe, seja feliz



Deixe me dar o meu telefone

Quando você se preocupar, me telefone eu te farei feliz



Não se preocupe, seja feliz



Não tem dinheiro e nem estilo

Não tem garota para fazê-lo sorrir

Não se preocupe,seja feliz



Porque quando você se preocupa sua face franzi

E isso leva todos para baixo

Então não se preocupe,fique feliz



Não se preocupe,fique feliz agora

Oo, ooo...



Não se preocupe,seja feliz

Oo, ooo...



Não se preocupe, não se preocupe, não faça isso ,seja feliz

Deixe um sorriso na sua face

Não deixe todos pra baixo



Não se preocupe as pessoas passarão logo

Seja o que for



Não se preocupe,seja feliz



Eu não estou preocupado, eu estou feliz
Por: Paloma Saints
De: Matão-SP
Email: p.saintslive@gmail.com

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17 de setembro de 2013

Não se fazem mais passados como antigamente #20 – O Chefe




Born to Run_Bruce Springsteen
Gravadora: Columbia
Lançamento: 25 de agosto de 1975
Nota: 10/10 



               

                Com que régua se mede um sucesso? Discos de platina? Número de álbuns? Aparições no Faustão?
                Cada um usa as suas, e por isso os resultados são tão díspares. Led Zeppelin é o maior pra uns, já que as músicas são “celestiais”. Pela mesma razão, Pink Floyd tem a coroa pra outros. Beatles eram revolucionários e, por isso, uma multidão diz que melhores que ele não há. Isso entre os britânicos.
                Agora, entre os americanos, o “chefe” é unânime. Hors concours. Afinal de contas, quem além dele conseguiu criar um álbum tão perfeito que criou um ritmo próprio?

*

                Bruce Springsteen. Pra muitos, um cantor. Para outros, um cronista.
                É isso que ele prova desde 1973 quando, saindo de um circuito minúsculo de shows em bares, fundo de mercado e bailes no litoral do estado de Nova Jérsei, ele junta os membros de sua banda de apoio – a E Street Band, que falaremos mais pra frente – e lança o primeiro álbum. De longe o principal da música americana no ano (ao lado do début doAerosmith), Greetings from Asbury Park,N.J. lembra muito o som folk de Bob Dylan, que narra cenas e que mantém batidas diferentes, ora calmas, ora parecendo um trovão, como em Lost in the Flood. A temática se segue no segundo álbum, no mesmo ano, chamado TheWild, the innocent and the E Street Shuffle, referência na música americana, com um certo flerte para o jazz e o funk. Dele saíram frutos como a belíssima Incidenton 57th street e a até cômica Rosalita (come out tonight), que fechou os shows dele por um bom tempo.
                Apesar da crítica entusiasmada, o sucesso comercial foi fraco, o que acabou criando em Bruce um monstro interior que o guiava à perfeição. O trabalho seguinte entrou para os anais da música desde antes de existir: só de produção foram dois anos, sendo 14 meses apenas para a faixa-título! O uso da refinadíssima técnica do Wall of sound, que a gente explicou há alguns posts atrás, aumentou exponencialmente os custos de produção, fazendo com que Bruce demitisse seu velho produtor, Mike Appel, e apostasse suas fichas no ex-jornalista Jon Landau - trabalharam juntos até 1992. A gravadora já fungava no cangote de ambos, fazendo com que estes escondessem as contas da gravadora até algum tempo depois do lançamento.
                Se valeu a pena? Ptmrd. E como.
*
                Todos os 39 minutos e 26 segundos que apareceram nas prateleiras no dia 25 de agosto de 1975 são mágicos. Antes as canções eram impessoais, depois passaram a fazer perguntas. Com Springsteen, a música extrapola a canção e melodia, e começa, majestosamente, a contar histórias. E não histórias quaisquer, mas história de americanos comuns. De gostos de gente comum – carros, garotas, trabalho. De gente que ouvia Bruce Springsteen. Exemplo é a cena descrita nos primeiros versos da melhor faixa de abertura em todos os tempos, Thunder Road:

The screendoor slams, Mary's dress waves
Like a vision she dances across the porch
As the radio plays
Roy Orbison singin' for the lonely
Hey that's me and I want you only
Don't turn me home again I just can't face myself alone again
Ou:
A porta bate, o vestido de Mary bate
Como uma visão, ela dança pela porta
Enquanto o rádio toca
Roy Orbinson está cantando pelos solitários
Hey, sou eu e só quero que você
Não me mande pra casa de novo, não posso me ver sozinho novamente

Nos anos 70 isso era sexy né... (Fonte: Reprodução)
                O disco tem dez canções, que tratam da vida americana: das brigas de rua e das gangues (o soul de Tenth avenue freeze-out); do cansaço da vida (em Night) e também do submundo (o tom romântico de Meet across the river). Porém as três principais canções do álbum provocaram um furor capaz de fazer a música americana praticamente sair pelo seu próprio umbigo – elas reinventaram, brevemente, a música americana.
                Bruce não fez isso sozinho. O diferencial da sonoridade tipicamente americana dos seus trabalhos e shows era a banda de apoio – a E Street Band. A banda de apoio mais inventiva de todos os tempos (ao lado da Mothers of Invention que acompanhava Frank Zappa e a Vitória-Régia de Tim Maia) também era um marco anos-luz a frente do seu tempo: o guitarrista, Steven Van Zandt, é descendente de italianos. O primeiro baterista, Vini Lopéz, era filho de latinos e o substituto, Max Wienberg, é o mago das baquetas judias. Clarence Clemmons era um saxofonista negro de 2 metros de altura. Numa época de preconceito racial e uma forte divisão na sociedade americana, a capa em que Bruce se apoia em Clarence marcou toda uma geração e marcou uma das mais duradouras parcerias na música – Clemmons morreu em 2011.
                Fechando o lado A existe Backstreets. Com seis minutos, ela tem solos enérgicos e um clímax que, em shows ao vivo, deve ser o momento mais emocionante da vida de uma pessoa. O tema da canção? Novamente, carros, corridas, o amor do narrador – em primeira pessoa, como Bob Dylan ensinou . O álbum, em si, tem os pontos altos e os grandes momentos de um blockbuster americano.
                Abrindo o lado B, os quatro minutos e meio de Born to Run. Se ela demorou um ano e dois meses para ficar pronta, talvez tenha sido tempo suficiente. Carros, beijos, o amor que fica na autoestrada, tudo se entrelaça numa estrutura que, literalmente, corre. Um solo de guitarra que mescla com um solo de sax e uma letra (novamente) emocionante. A primeira vez que ouvi a canção, de olhos fechados, a imagem me veio à mente: dirigindo um Corvette, com aquela gata no lado, correndo acima da velocidade, com os cabelos voando (tudo bem, ao abrir os olhos o metrô abriu as portas e fui empurrado pro corredor. Mas o sonho permaneceu).
                E, fechando o disco, Jungleland. Fugindo aos padrões do álbum todo, com nove minutos e meio, é uma rapsódia de eventos: a gangue junta, a reviravolta, o fim melancólico de cada um dos membros citados na música, com uma letra raivosa. Como a banda de Bruce continha um dos melhores saxofonistas de sua geração, coube para Clarence Clemmons o solo de dois minutos e meio, um belo motor para sexo.
*
                Foi o primeiro álbum do cantor que eu ouvi. Sendo um garoto padrão que só sabia cantar Born in the U.S.A., sempre estranhei como esse álbum aparecia nas listas dos 20 maiores de todos os tempos. Ou como os críticos nunca relutaram em dar 5 estrelas. Depois da primeira vez que eu ouvi, finalmente entendi o que Bruce representa para a música americana.
                Graças aos primeiros álbuns do cantor – e este em especial – um novo filão nasceu: o heartland rock, com letras relacionadas aos carros, à vida cotidiana numa América onde o american way of life raramente existia. Sem esse sucesso, nem John Mellencamp, nem Bob Seger, muito menos Tom Petty teriam sucessos como caipiras roqueiros.
                A partir de 1975, Bruce mostrou como um artista deve se portar: shows que duram em média, mais de 3 horas; álbuns excelentes (como o seguinte, Darkness in the Edge of Town) e, pela primeira vez em 25 anos, faz shows no Brasil - amanhã, no Espaço das Américas em SP -  e sábado, dia 21, no palco Mundo do Rock in Rio. É a chance de que volte a ser o grande ídolo de garotas e garotos como foi nos anos 80.

                E é a chance, irrefutável, de provar que eu sou (muito) suspeito pra falar dele.




Por: Guilherme Mendes
De: Carapicuíba - SP
Email: guilherme@revistafriday.com

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