#05: Visibilidade Trans

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INTERNET: Mudanças, tecnologia e Google+

Confira algumas mudanças que o google+ realizou para agradar os usuários.

Conexão Canadá: Vancity- The Journey begins

Camila Trama nos conta um pouco de seu intercâmbio em alguns lugares do Canadá.

CINEMA: Sassy Pants

Rebeldia, insatisfação e as paixões fazem parte do cotidiano de todos os adolescentes, confira a resenha do filme Sassy Pants.

VITRINE: O universo feminino de Isadora Almeida

Inspirada por ilustrações de moda, estamparia e coisas que vê por aí, conheça o trabalho da ilustradora mineira Isadora Almeida.

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10 de dezembro de 2013

Não se fazem mais passados como antigamente #25 - Ao vivo o negócio é outro

Domingo, seis da manhã. Essa coluna começa a ser escrita essa hora, sob um sol incrível que, por questões de bom senso, não foi para o Instagram. Começa rápido, muitos toques por minuto – essa introdução foi em meio minuto ou menos. Mas começa sem assunto. Então eis que, ligando a TV em um desses canais da Cultura, qual não é a surpresa que, na mesma hora que Padre Marcelo canta para seus cinquenta, sessenta mil fieis, aparece o The Who destruindo seus instrumentos em My Generation?
                Vamos falar disso então. Ao que parece, quem sabe faz ao vivo.

*

                Então, em meia hora, a coluna está pronta. Os discos essenciais ao vivo estão separados. Pra quem me chama de conservador ou chato na hora de falar de música, digo que ouvi vossas reclamações e, entre os essenciais, tem de tudo: gente que você pode ver ao vivo, gente que você pode ver em DVD (pois já morreu) e gente que você pode até tentar imitar em casa. Afinal de contas, mais do que deliciosos, são inspiradores. Vamos lá:


           


  Alchemy, do Dire Straits






                Antes daquele clipe inovador de Money For Nothing; antes de serem as estrelas a lotar o estádio de Wembley treze noites: antes de tudo isso, os caras do Dire Straits eram rapazes do subúrbio, pobres (o nome da banda é uma gíria para estar em “falência”) e que tocavam em casas pequenas, sem fazer muito barulho para que as pessoas conversassem. Mas o sucesso veio, e eles precisaram tocar em casas maiores. E quando esse dia chegou (dias: 22 e 23 de Julho de 1983), o resultado foi aterrador.
                A sonoridade é espetacular. O disco/VHS com o show mostra uma banda que é esforçada, que tem habilidade em certos momentos mas que, por mais que se esforce, não tira o foco das atenções para Mark Knopfler, “O” vocalista, guitarrista, compositor e chefe do circo. Estrelismo? Talvez, mas o cara realmente é muito bom.
                O que ouvir: Once upon a time in the West, Tunnel of Love e Sultans of Swing, que é esse orgasmo de guitarra abaixo ou, se você tiver tempo, o show todo. Duas vezes.

           

                Zoo TV, do U2
                Eu era fã dos caras com 12 anos. Era março de 2006 e, quando houve aquele frisson pela vinda deles ao Brasil, eu comprei o disco mais recente à época (How to dismanle an atomic bomb) e comecei a prestar atenção na produção deles. Porém nada, absolutamente nada, me hipnotizou mais do que o DVD com o show da turnê Zoo TV, realizado em 1993, na cidade de Sydney.
                Há quem fale na turnê do “360”, que foi megalômano, que era transcendental, mas nem ela consegue se comparar à primeira megaturnê da banda – e, consequentemente, da história. Pois naquela época, até mesmo Bono Vox não era um bom rapaz (fumava, bebia e tudo o que um rockstar faz).  Além da superprodução, o caráter de “crítica à era moderna” dava o tom.
O palco era decorado com antenas; gigantescos telões reproduziam o que se passava na TV (no show do DVD a programação é a da TV australiana, e Bono fica zapeando os canais, pra lá e pra cá). Ele encarna o demônio McPhisto e liga, em algum momento, para a um número da região, simplesmente para falar com alguém que lhe dê ouvidos – um diabo deprimido. Enfim, tudo o que jamais houve em cima do palco veio tudo de uma vez para um show da banda irlandesa. A turnê seguinte, Popmart, foi ainda maior, ainda mais gigante, mas a música...
                O que ouvir: Mysterious Ways, Even Better Than The Real Thing ou, se você tiver tempo, o show todo.

       

             

            
P*U*L*S*E, do Pink Floyd.






A Hammersmith Apollo, uma casa de espetáculos em Londres, é um dos solos mais sagrados para o rock. Ali o Dire Straits gravou o Alchemy e, em 1994, o Pink Floyd fazia um de seus últimos shows na face da terra, antes do vocalista e líder da banda, David Gilmour, dizer chega (e deixar milhões de corações em pedaços).
                A turnê que promoveu o disco de adeus da banda, TheDivision Bell, era tudo menos discreta: luzes, projeções, e um inspiradíssimo grupo (que além dos quatro membros principais, contava com coro, um segundo guitarrista, baterista e tecladista). Nessas 2h24 de show, o principal destaque é a execução do principal álbum da banda na íntegra: as dez faixas do Dark Side of the Moon ao vivo são feitas sob medida para arrepiar pelos de braços e pernas (como já dissemos pra vocês lá no começo dessa coluna).
                O que ouvir: qualquer uma, mas Run Like Hell e a versão de quase dez minutos do hino Confortably Numb, que sempre será, na opinião do reles autor aqui, a versão definitiva e a resposta sobre todas as coisas. Se você tiver tempo, qual é o problema em ver o show todo? Eu mesmo já o fiz, umas trinta ou quarenta vezes mesmo...

           


 One More Car, One More Rider, de Eric Clapton 






                A frase “Clapton is god” foi pixada nos muros de Londres em 1963. Mas só na época de lançamento desse disco/DVD que a coisa realmente fez sentido. Gravado em agosto de 2001 em duas noites no Staples Center, arena em Los Angeles, o show era parte da turnê do disco Reptile. O palco, ao contrário dos caras do U2, não tinha nada. O que dava total atenção ao homem atrás da guitarra.
                O cantor mistura os clássicos que essa coluna já mandou goela abaixo para vocês: Layla, Cocaine, Badge, River of Tears e outras com músicas mais conhecidas e recentes. Outra face do guitarrista é bastante visível: durante os anos 90  ele desenvolveu alguns trabalhos com violão, e o reflexo disso é parte do show ser acústica.
                O que ouvir: Tears in Heaven, Change the World ou, se você tiver tempo, o show todo.
        

                H.A.A.R.P, do Muse      
                Sim, os anos 2000 revelam grandes shows. Inspirados um pouco no Zoo TV (eles também têm antenas no palco) e na iluminação do Pink Floyd, o trio mostra, em uma hora e meia, o que a maioria das bandas de hoje levariam dez, quinze horas em cima do palco fazendo.
                O segredo da coisa toda é, sem dúvida, Matt Bellamy, uma versão moderna e infinitamente inferior ao Freddie Mercury. Mas, muito longe de ser ruim, Bellamy comanda pianos e uma guitarra que, em todos esses anos nessa indústria vital, foi a primeira vez que me aparece. O talento dele – e por que não dos outros dois da banda que eu mal lembro o nome – pode ver visto na íntegra no YouTube, um show que arrepiou mais de 134.287 pessoas no estádio de Wembley nas noites de 16 e 17 de Junho - foi a primeira banda a esgotar os ingressos no novo estádio.
                O que ouvir: Kinghts of Cydonia, Plugin Baby e o cover feroz  de Feeling Good, de Nina Simone ou, se tiver tempo, o show todo. Ou, se tiver dinheiro, vá ao Lolla 2014 e veja-os ao vivo.
          

                Rock em Seine 2007, do Arcade Fire
                Um amigo meu mandou o vídeo desse show via e-mail, desses corporativos quando você tá entediado, com a seguinte descrição “assiste só essa intro e tá bom”. Assisti a tal introdução, coisa de vinte segundos e, nessa semana e meia em que ele me indicou, já vi o show inteiro três vezes.
                Se em 2007 o Arcade era apenas uma banda indie com dois bons álbuns produzidos (Funeral e Neon Bible) e um clipe ou outro na faixa matinal da MTV, a sua atuação em cima do palco parece fazê-los tratar-se de veteranos do pop mundial. Nesse show do tradicional festival francês, os integrantes – treze, quinze, sei lá eu – são ativíssimos, barulhentos e, ao mesmo tempo, bastante melódicos. Se a grande preocupação de uma banda alternativa é parecer alternativa sobre todas as coisas, o que parece pairar sobre o Arcade Fire é apenas o desejo de uma ótima performance.
                O que ouvir: a introdução extremamente zoeira; o show todo e, se sobrar grana, compra também ingresso pro Lolla - o Arcade se apresenta pela primeira vez em oito anos no país, isso no segundo dia do festival.

E, aqui duas semanas, na véspera de Natal, a resenha do galo para vocês. Stay tuned.

Por: Guilherme Mendes
De: Carapicuíba - SP
Email: g.lazaro@outlook.com

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21 de maio de 2013

Não se fazem mais passados como antigamente #12 – Quando as criaturas vencem os mestres

Esses dias acabei, por uma exceção única do destino, indo parar numa balada da augusta pra ver uma banda cover do The Who.  Para os quatro membros da banda, uma missão, no mínimo, difícil pra caramba. E eles até que se saíram muitíssimo bem – tirando o vocalista, que não sabia cantar e fodeu com o show. Mas tudo bem, um show aceitável.

E então chegamos ao assunto de hoje: covers. Covers, a declaração inacabável de lealdade e inspiração sobre uma banda, uma prova de que se gosta tanto dela que você abre espaço na própria criatividade e acaba tocando as músicas...DELA! Muitas das maiores bandas de hoje começaram com covers e, salvas raríssimas exceções, continuaram com tais depois da fama. Porém alguns deixaram espaço cativo para as homenagens. E foram além: conseguiram ir além, tornando a música melhor ainda.

O mestre, um dia, pode superar a criatura. Vamos a alguns exemplos:



1) Eric Clapton em “Crossroads”

        Qualquer um que aceite a frase “Clapton is God” acredita que essa música é o petardo mais violento do Cream, a primeira superbanda da história. O que pouca gente se lembra é que Crossroads (nascida Crossroads Blues) é bem anterior que a versão de 1969, do álbum Wheels of Fire. A criação do dito “primeiro rock da história” é de 1936, do lendário bluesman do Delta Robert Johnson.  Era só um violão, em frente a um microfone, com um slide, uns acordes muito estranhos e uma letra sobre encruzilhada. 

           O que ele quis dizer com isso a gente nunca vai saber, e tentar explicar levaria uns 10 posts desses. Mas Clapton apenas tirou a letra, acelerou a melodia num blues elétrico. E colocou o solo mais fenomenal já criado até aquela época. Feroz, ritmado e mesmo assim charmoso – Crossroads venceu Crossroads Blues.




2) Johnny Cash em “Hurt”



             Todo mundo lembra do Trent Reznor, aquele cara maneiro do Nine Inch Nails, mais por aquele  clipe bizarro de Closer do que por essa obscura composição de 1995 do álbum The Downward Spiral. Não consegui pensar, em todo esse tempo, como Johnny Cash chegou a ouvir essa canção, tão diferente do universo country americano.

             Mas ele ouviu. E a partir disso criou uma música que me faz chorar até hoje. Aliada com um clipe que ganhou prêmios quando foi lançada em 2002, tem uma música ainda mais emotiva, ainda mais melancólica, que mostra quem era Cash à época da composição: um ser abalado pela doença do amor da sua vida, June Carter (ela faleceu pouco depois); um ser pronto para o acerto de contas e, mesmo assim, o homem de preto assume o papel de lenda. Assim, a faixa 2 do The American Records IV acabou sendo o último single em vida do cantor, que veio a falecer em 2003.

        E também tem o cover de One que é simplesmente tocante.

3) Derek and  the Dominos  e “Little Wing”

        Eis um caso para unir os dois lados da moeda: até hoje ninguém consegue decidir entre Eric Clapton ou Jimi Hendrix no cargo de “Deus do Rock”. Mas, como o primeiro revela em sua biografia, ambos eram muito amigos, já caíram bêbados em calçadas inglesas nas baladas da vida e Eric também admite: perdeu o chão quando soube da morte do amigo, em 1969, vítima de overdose. 

       Deve ser por isso que Clapton, membro principal da Derek and the Dominos, escolheu essa como um dos covers do único álbum da banda – um que a gente já discutiu aqui. O original, presente no álbum Axis:Bold as Love de 1967, é composto de 2 minutos e meio de um groove com a guitarra e poucos efeitos, acabou virando uma versão mais romântica, de cinco minutos e meio com ainda mais guitarras – Clapton divide os solos com Duane Allman.  Fora o riff que simplesmente frita os neurônios.




4) Vários autores e “While My guitar Gently Weeps”

         Por fim mas não menos importante, uma obra dos Beatles. Para evitar polêmicas até, vou citar uma das várias canções que os covers já tornaram melhor. Essa, uma das dezenas de músicas do White Album  em 1968, fez um grande sucesso na época. Mas ganhou cover que, quase sempre, trouxeram mais emoção do que os 4 minutos e tanto da original.

Até agora, nessa lista, um nome tem sido comum. Você já deve ter notado e...sim, ele está aqui de novo! Clapton não só fez um cover magnífico dela em 2002, em um concerto em memória a George, como fez o solo na canção original também. Junto com ele, guitarristas como Prince (sim, aquele Prince) e Santana também fizeram suas versões.

Mas vamos deixar essa pra aquela que é a versão mais longa e emotiva da canção. Coube a Peter Frampton, o guitarrista ex-galã que estourou nos anos 70, retrabalhar a base de Harrison para um solo de guitarra mais planejado, com uma crescente que vai à um clímax que  faz todo o tempo ouvindo valer a pena. Pra escrever estre texto, a ouvi quase que 10 vezes sem parar

.

***
         Existem dezenas de outros covers que são excelentes, outros também melhores que a original, e isso daria post pra mais de metro. Então nos vemos em breve. 

Por: Guilherme Mendes
De: Carapicuíba - SP
Email: guilherme@revistafriday.com.br

15 de janeiro de 2013

Não se fazem mais passados como antigamente #3 - Uma aula de Blues


Layla and another assorted songs _ Derek and the Dominos (1970)
Polydor
Nota: 9.7 / 10



            Não é preciso ir longe para entender o porquê de, durante os anos 60, tantos muros em Londres conterem a pichação “Clapton is god”. O ícone da Fender Stratocaster até hoje tem uma habilidade literalmente divina, que lota estádios mesmo cinquenta anos após o início da sua carreira. Alguns deles, como “Cocaine” e “Bad Love” são referências até hoje pra qualquer um que aprecie um bom rock.
            Quase sempre agindo como um músico mambembe, Clapton tocou em diversos grupos nos anos 60, tais como os Yardbirds, o Blind Faith, o John Mayall and the Bluesbreakers, além do Cream. Na virada da década, procurando mais o anonimato de uma banda comum, Eric juntou amigos para um supergrupo- por mais irônico que isso pareça: o Derek and the dominos (nome criado em cima da hora do primeiro show, sem nenhuma razão em especial), que só teve uma obra. Obra esta que poderia ser facilmente exibida em um museu.
            Layla and anotherassorted songs foi gravado em Miami, e contou, em grande parte das músicas, com Duane Allman, guitarrista solo da Allman Brothers Band e considerado o melhor da terra do Tio Sam em termos de blues- em todos os tempos. Com essa química rolando no grupo (fora a outra “química” que deixava-os chapados), o que se tem nesse disco é um misto de improvisação, covers e composições inéditas que demonstram uma força incrível dos dois guitarristas.
            As três primeiras faixas são composições do grupo, que ainda não tinha Duane participando. “I looked away” e “Bell Bottom Blues” são mais românticas, enquanto “Keep on Growing” é uma canção elétrica, com solos mais destacados. Entre os covers, uma versão ”Nobody knows when you’re down and out”, que é o famoso blues que canta as tristezas da vida, além de uma bela improvisação sobre a já espetacular “Little Wing” de Jimi Hendrix.
            Uma das músicas que mostram como a dupla Clapton-Allman foi produtiva é a faixa 9, “Why does love got to be so sad”, uma disputa acirrada de solos longos e travados nota a nota entre os dois. Só quando se ouve pela décima vez consegue-se notar quem é quem dentro da maestria de notas.
            A outra canção é Layla.
            Famosa por aquela versão acústica, conhecida nas rádios e rodas e violão, que Clapton fez em 1992, a faixa-título, em sua versão original, é explosiva e perfeita. A letra,baseada tanto em uma lenda oriental antiga quanto no amor platônico de Eric com Patti Harrison, tem uma primeira parte como um blues moderno, novamente protagonizado pelas disputas entre os guitarristas. Subitamente a música muda para uma coda em piano em dó maior, feita pelo bateirista Jim Gordon, que torna a música macia, quase melancólica. Duas faces de uma mesma música, que se juntam em uma harmonia incontestável.
            Pouco após o lançamento do disco, Duane Allman morreu, ainda com vinte e tantos, vítima de um acidente de moto. Isso, aliado com brigas e críticas da mídia acusando Clapton de usar a banda para se promover– o que ele nega veementemente – fizeram com que a Derek and the Dominos fosse enterrada logo após o fim de sua última faixa, a balada “Thorn tree in the garden”. Mas não há problemas: esse álbum, com a belíssima capa assinada por Émile Schonberg, não faria feio em qualquer museu do mundo.

Por: G.L. Mendes
De: Carapicuíba - SP
Email:  

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