Black Holes and
Revelations_Muse
Data de Lançamento: 3 de Julho de 2006
Gravadora: Helium 3 / Warner Bros.
Nota: 8,5/10
Data de Lançamento: 3 de Julho de 2006
Gravadora: Helium 3 / Warner Bros.
Nota: 8,5/10
Por exemplo: na edição deste ano, além dos destaques, temos gente como Illya Kuriaki and the Valderramas (?), ou então o legendário FTAMPA (?????) ou então – plmdds esse não – CONE CREW DIRETORIA. Não sei se é o caso de “chamar os mulekes” ali da região de Interlagos, onde será o show. Mas eles não são tão bem-vindos assim no meio da hipsterama toda.
De volta ao assunto, para evitar
polêmicas, falaremos apenas dos principais: no primeiro dia, os britânicos do
Muse ocuparão o palco principal. E, entre os seis discos deles, um deles
merecia estar na prateleira de todos os fãs de rock. E é sobre ele que a gente
vai descer a lenha agora.
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Eu tenho um passatempo muito
divertido (ao menos pra mim) de comparar músicos com escritores: considero Bruce
Springsteen como um escritor russo, cheio de dramas e descrições; o Aerosmith
como um daqueles romances baratos para o público feminino; David Bowie com a ironia de um Philip Roth, e assim por diante. E o Muse, com suas
letras um tanto paranoicas, só pode lembrar George Orwell, o gênio por detrás
de “Revolução dos Bichos” e “1984”.
Talvez essa nunca tenha sido a
intenção da banda – um trio poderoso formado no litoral sul da Inglaterra em
1994. Os três esforçados rapazes, Matt Bellamy e...os outros dois, levaram cinco
anos para conseguir lançar o disco de estreia, Showbiz, que era bom mas teve propaganda mínima. Mas o segundo álbum da banda, o bastante elétrico Origin of Symmetry, mostrou que o
poderio dos três era muito, mas muito maior do que as bandas da mesma época.
Além do mais, eles conseguiam se
destacar com uma melodia incomum à época: sim, eles faziam rock progressivo com peças como Plug In Baby, New Born e em Feeling Good, um cover de uma canção dos anos 60.
Pois em 2006, depois de três anos
sem lançar nada (o último tinha sido o disco Absolution, que lançou o nome da banda para o mundo), o trio voltou
com uma abordagem totalmente diferente. Black
Holes... não é um disco conceitual, mas suas letras correm para o lado
oposto da música: em 2006, relembremos, a moda era cortar os pulsos com canções
de amor derretidas e franjas e all stars
riscados à caneta (e eu sei que você já teve o seu).
E então aparece uma banda
cantando sobre: Corrupção (a abertura apocalíptica de Take a Bow), invasão alienígena (Exo-Politics), ateísmo e outros temas.
Pra piorar, a capa é de autoria do britânico Sotmr
Thorgeson, o mesmo responsável pelas capas dos discos do Pink Floyd. Nela, quatro homens estão numa mesa, com ternos estranhos e cavalos andando no tampo, provavelmente em Marte (já que a Terra está ao fundo). Provavelmente banda e autor da capa não batem bem da cabeça.
E é essa loucura, de quase ir na
contramão da indústria musical, que elevou o Muse, de banda de apoio em
festivais, à estrela de si mesma. O virtuosismo e as constantes misturas de
instrumentos de corda e metal atraíram não só a atenção dos jovens revolts, mas também da crítica
especializada. A turnê que veio em
seguida rendeu à banda o primeiro DVD, gravado em três noites lotadas no novo
estádio de Wembley, em Londres. O nome? H.A.A.R.P. – o nome de um projeto ultra
secreto do governo americano.
Grande parte do mérito de Black Holes... cabe à Matt Bellamy, o cabeça
do projeto. A revista britânica Total
Guitar tascou em 2010 o título de “Jimi Hendrix de sua década” ao magrelo.
E não é exagero: sua habilidade musical espanta em qualquer direção – ele toca
piano, tem um vocal de tenor com uma extensão impressionante (vide a canção de 2009 Dead Star), é capaz de dar vida à composições
impressionantes e uma habilidade na guitarra que o coloca entre os melhores da
década de 2000. O solo de Invincible,
uma das melhores do álbum, cabe fácil entre os 100 grandes solos de todos os
tempos.
Mas nem ela consegue ser a melhor do disco. Isso fica difícil quando a faixa final é nada menos que Knights of Cydonia. Do ponto de vista estrutural, ela é bem estranha – seis minutos e apenas dois versos – mas o grau de dificuldade a que estão expostos os instrumentos (guitarra, baixo, voz e um ocasional trompete) a torna uma das composições mais espetaculares de nossa era. Sem brincadeira. Não à toa os intrincados solos da música acabaram por ir parar no jogo Guitar Hero III, responsável pelo primeiro contato de muita gente com a banda.
E eles vem ao Brasil para dois
shows totalmente diferentes do que a banda vem vivendo. A turnê do disco mais
recente, o pouco convincente The 2nd Law,
lotou arenas no mundo todo e tem o palco mais megalômano desde o 360 do U2. E por aqui o trio revive, no Lollapalooza, os shows de festivais a que estão acostumados
desde o começo da carreira. Mas o mais interessante é o show paralelo que farão
no Grand Metrópole, uma casa no centro de São Paulo: como uma banda que não
toca para menos de 80 mil pessoas há anos vai reagir num show para pouco mais
de 2000 cidadãos? Como é assistir um show intimista de uma banda feita para os melhores espetáculos em estádios?
Por isso devemos manter um olho
no peixe e outro no gato. Com vinte anos de carreira, o Muse entra no hall de bandas como o Cream e o Rush,
que são trios que soam como bandas bem maiores. E há quem critique a mistura de
“rock moderno” e das guitarras berrantes de Matt Bellamy com o piano e melodias
agudas. Bata lembrar que, nos anos 1970, uma certa banda recebeu as mesmas
críticas. E seu líder, um tal Freddie Mercury, nada fez além de não dar
ouvidos. Que o Muse se inspire neles.
Muse
Sideshows Lollapalooza apresenta: Muse
Dia 3 de Abril (quinta)
Grand Metrópole (Avenida São Luís, 187 - República, São Paulo – SP)
Ingressos: R$ 125 (meia) e R$ 250 (inteira), disponível no site da Tickets for Fun
Lollapalooza dia 1- Palco Principal
Dia 5 de Abril (sábado)
Autódromo de Interlagos (Av. Sen.
Teotônio Vilela, 261, São Paulo – SP)
Ingressos: de R$145 (meia para um
dia) até R$540 (inteira para os dois dias do festival), disponível no site da Tickets for Fun
Por: Guilherme Mendes
De: Carapicuíba - SP
Email: guilherme@revistafriday.com.br