2 de setembro de 2013

Mãeeeeeee, o que é “Privacidade”?

Uma pergunta comum de ser feita quando se é criança, mas a resposta é mais fácil de ser compreendida se ela ainda fizer parte de nossa realidade. E se a privacidade acabar um dia? O que vamos explicar à próxima geração a respeito? Em pouco tempo, nós é que seremos os avós contando aos netinhos sobre nossa época e como usávamos a internet para nos divertir compartilhando com todos a nossa vida e nossa intimidade... 


Foto: Thamyris Cardoso


Há vários pensadores e cientistas hodiernos pregando que estamos a viver novos conceitos sobre privacidade. Outros, afirmam de forma contundente que na internet não existe qualquer forma de mantê-la.  Seja lá como for, estamos em uma fase histórica em que as informações valem dinheiro e o que nós fazemos? As entregamos de graça na internet!!! Uhuuul!!! \0/ Fala sério, somos demais! Diversas empresas possuem um banco de dados valioso graças às nossas doações diárias de informações pessoais. E detalhe, elas ganham dinheiro com isso. (Seu provedor de internet, é um bom exemplo) #ficaadica. 

Será que é por isso que depois que eu faço alguma busca na internet eu começo a receber anúncios e propagandas de coisas relacionadas? Cri cri cri...

Fazer o quê se compartilhamos tudo com a galera toda (a galera que interessa e a que não nos interessa, principalmente). Quem somos, o que temos, o que curtimos, o que odiamos, como pensamos, como agimos. Fotos do que compramos, o que estamos comendo etc. Graças a Deus não vi nenhuma foto de cocô com a legenda “Olha o que eu fiz, gente!” até agora, mas tenho a impressão de ser o caminho para onde estamos indo.

Minha ideia é avacalhar mesmo, afinal, precisamos parar tudo e pensar no que estamos a construir historicamente e isso é muito, muito sério! A privacidade é um direito fundamental garantido pela Constituição Federal e não é à toa. Vejamos:

Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.”

Isso é lindo, mas tem um detalhe: a privacidade é um direito disponível (sussurro). Significa que podemos abrir mão deste direito, mesmo que ele seja garantido por nossa Lei Maior. E por qual motivo? Porque a liberdade e a democracia são princípios que ainda prevalecem nas relações e no entendimento da maioria dos juízes e tribunais, além de também serem garantias constitucionais.

Olha que interessante: depois que nós mesmos nos expomos, nos ofendemos com a resposta das pessoas e então vamos na Justiça pleitear danos morais! Não tem a menor lógica, certo? Se eu sou liberal o bastante para postar fotos minhas de biquíni no Facebook, devo estar pronta para ser aplaudida ou para ser criticada... Quem se expôs fui eu, certo?! 

Ainda convivemos com uma diversidade de conceitos e culturas. É só um exemplo, mas é bom ficar de olho. Sobretudo porque o que postamos, não pode ser removido totalmente. E já que usei o Facebook como exemplo, vou lembrá-los da cláusula que constava no termo de privacidade que com certeza você leu ao criar seu perfil: O que você posta é propriedade do Facebook e não sua

Mas voltando, qual o limite que posso expor minha intimidade e abrir mão da minha privacidade? Ora, regrinha básica de convivência social: até o limite da intimidade e da liberdade do outro. Eu não tenho direito de expor a intimidade de outra pessoa sem que essa me autorize, pois constitui violação. A minha, eu até posso, nos limites que eu entenda e julgue necessários. Massssss, aí vai um ponto filosófico (adoro isso rs rs): até quanto expor minha própria intimidade esbarra em expor também a intimidade do outro? Alguém aí que seja casado ou empregador quer dar um pitaco? Não vivemos sozinhos, e claro que nossa intimidade está atrelada à intimidade de terceiros. Sejam familiares, empresa, amigos, colegas... 

Está na hora de começar a pensar um pouquinho nessas questões, porque logo logo o conceito de privacidade estará tão mudado ou extinto que não haverá mais censura de idade ou algo que não possa ser explícito. E aceitando ou não, as palavras e os conceitos de “pessoal”, “personalíssimo” e “privacidade” são necessidades humanas e não vilões que devem ser destruídos. 

Quem não concorda eu respeito, mas não vou querer ver ninguém daqui a quarenta anos dizendo que: “No meu tempo”... “quando eu era jovem”... “isso não existia”... “isso não podia”... “ai que absurdo” ... etc... Seja qual for o comportamento das próximas gerações, a culpa e a responsabilidade é nossa, ou seja, SUA também! Então, que tal tentar preservar um pouquinho da sua privacidade e da minha não doando tantas informações sensíveis e expondo-nos um pouquinho menos? =D

Agora, será que alguém aí tem alguma sugestão do que responder às crianças do futuro quando elas nos fizerem essa pergunta: Mãeeeeeee, o que é “Privacidade”???


Por: Dra. Thamyris Cardoso
De: Osasco -SP

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