Foi
na Grécia antiga que o termo “gastronomia” foi usado pela primeira vez. É daí
que vem a certeza de que na Grécia come-se bem. Muito bem, por sinal. E quando o assunto é prato típico, cada região ou ilha tem o seu, mais ou menos
como na Itália. Em Santorini, por exemplo, o prato tradicional é tomato
keftedes, e eu tenho a impressão de que encontrei o lugar onde servem o melhor
deles…
Eu passava férias na ilha, em julho de 2012, quando fiz essa refeição verdadeiramente memorável. Em um fim de tarde, depois de conhecer o farol de
Akrotiri, em Faros, a fome apertou. Achava que não
encontraria nada aberto por perto, quando uma placa de concreto, à beira da estrada,
pintava: “Taverna Capitão Dimitris – Comida Tradicional”.
O local estava vazio, e senti como se estivesse
invadindo a casa de alguém. Continuei entrando e descobri, numa espécie de
terraço, um senhor que lia jornal, uma senhora que tomava café e uma moça
morena de tranças que tivara os pratos da mesa. Aquela era, obviamente, a
família que vivia ali. Estava pronta para sair me desculpando quando o senhor
baixou o jornal e pediu que eu me sentasse, que eles haviam acabado de almoçar
e já iam me atender.
Sua esposa, Dona Bárbara, logo arrumou uma mesa
com toalhas de papel e trouxe um cardápio – que permaneceu fechado. Ela
explicou com um sotaque carregado que não teve tempo de ir ao mercado naquele
dia, mas que seu marido, o Capitão Dimitri, havia pescado logo cedo e o peixe
estava fresco, bom para comer. Dizendo isso, me arrastou pela cozinha, insistindo
para que eu desse uma boa olhada nos peixes. Ela abriu orgulhosa uma gaveta metálica de onde
exalava um forte cheiro de mar – sem dúvidas, estava bem fresco.
Quando chegou à mesa, o peixe esava absolutamente
divino - e não poderia ser mais simples. Foi colocado na grelha com cabeça e
tudo, e devorado em instantes, temperado apenas com azeite e limao siciliano.
Ainda em extase
pela descoberta gastronômica mais inusitada dos últimos tempos, provei a
sobremesa. Outra surpresa ao descobrir que o acompanhamento melado e laranja
que me foi servido com um autêntico iogurte grego era um – quem diria – doce de
cenoura!
Terminei o almoço simplesmente maravilhada por ter
comido tão bem pagando um preço tão justo. Esta foi, sem sombra de dúvidas, a
melhor refeição da viagem. Não sei ao certo se foi a vista e o ambiente
agradável do restaurante, o sabor autêntico e delicioso da comida ou a simpatia
e cordialidade dos novos amigos gregos, mas a experiência valeu os 10108km de distância e a re-descoberta do
sentido da palavra “gastronomia”.
Por: Bianca Chaer
De: São Paulo - SP
Email: bianca.chaer@gmail.com
Você já curtiu a Revista FRIDAY no Facebook? faça como eles ;)